Dados do Trabalho
Título
Experiência do uso de tofacitinibe no tratamento de retocolite ulcerativa em um serviço terciário
Apresentação do Caso
Paciente feminina, 56 anos, com diagnóstico de retocolite ulcerativa (RCU) padrão pancolite há 13 anos. Inicialmente foi realizado tratamento convencional com azatioprina (AZA) e aminossalicilatos, porém, após quadro de colite aguda grave foi optado pelo infliximabe (IFX) em comboterapia com AZA. Após perda de resposta no terceiro ano de tratamento, houve troca de classe do biológico para vedolizumabe (VDZ) em associação a AZA, porém, após fase de indução paciente persistia com sinais clínicos e laboratoriais de atividade de doença. Diante de uma paciente com RCU corticodependente, refratária à terapia com AZA, IFX e VDZ, foi optado por iniciar tofacitinibe (TFB). Na semana 8 de indução, a paciente apresentava resposta clínica parcial, sendo optado por estender essa fase de terapia até a semana 16, seguido da terapia de manutenção. Após seis meses de tratamento, paciente apresentou nova atividade clínica de doença e necessidade de corticoterapia. A colonoscopia indicava Mayo 2. Foi então, discutido em reunião multidisciplinar a realização de abordagem cirúrgica, devido à refratariedade ao tratamento clínico e risco de complicações associadas. Realizada proctocolectomia total com ileostomia em endloop videolaparoscópica, sem intercorrências. Paciente segue em acompanhamento ambulatorial, sem tratamento para RCU e com programação para reconstrução intestinal e confecção de bolsa ileal (cirurgia em três tempos após seis meses).
Discussão
O uso de inibidores da Janus Associated Kinases (JAK) como o TFB é uma nova abordagem na terapia de doenças inflamatórias imunomediadas. As drogas de pequenas moléculas representam uma nova geração de medicamentos na doença inflamatória intestinal (DII) após duas décadas de anticorpos monoclonais (anti-TNF, VDZ, etc). Sua eficácia foi demonstrada no tratamento das formas moderada e grave da RCU através do estudo OCTAVE. Uma subanálise do mesmo demonstrou que pacientes que não obtiveram resposta clínica após oito semanas de indução poderiam estender essa fase de tratamento até a semana 16, assim como feito no caso. Já na fase de manutenção a RCU se mostrou refratária ao medicamento, sendo por isso indicação para a cirurgia.
Comentários finais
O TFB é atualmente o único inibidor de JAK aprovado para uso em casos de RCU ativa moderada a grave, sendo incorporado recentemente como opção terapêutica pelo SUS. Devido a indisponibilidade prévia no Brasil, poucos centros dispõem dessa medicação sendo portanto, escassos os relatos de experiências com o uso droga.
Palavras-Chave
Retocolite Ulcerativa, Tofacitinibe, Doença inflamatória intestinal
Área
Gastroenterologia - Intestino
Autores
Talita Ramos de Alencar Silva, Dalyane Cristina Martins Machado, Marjorie Desiree Medrado, Marcel Lima Andrade, Alex Rodrigues Fonseca, Thaís Viana Tavares Trigo, Marjorie Costa Argollo, Lívia Maria Antunes Pinto Azevedo