XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

GIST JEJUNAL COMO CAUSA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA MÉDIA: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente masculino, previamente hígido, refere episódios esporádicos de enterorragia há 5 anos. Realizou endoscopias e colonoscopias com resultados normais. Admitido para internação e investigação diagnóstica com angiotomografia abdominal, que mostrou vascularização proeminente em jejunal distal no flanco esquerdo com 3,5 cm x 2,6 cm de diâmetro, além de alças locais parcialmente colabadas; e enteroscopia com duplo balão que revelou lesão subepitelial vascularizada em transição jejuno-ileal, com 5 cm de extensão e uma úlcera de 10 mm de diâmetro no seu ápice. Encaminhado para laparotomia exploradora e enterectomia. O estudo anatomopatológico mostrou uma neoplasia de células fusiformes bem delimitada, invadindo submucosa, muscular própria e subserosa, com comprometimento localizado do tecido adiposo mesentérico, pleomorfismo celular leve, mitoses não detectadas, necrose ausente e margens de ressecção livres de neoplasia. O estudo imuno-histoquímico associado aos achados morfológicos, foi consistente com tumor do estroma gastrointestinal (GIST) localizado em jejuno.

Discussão

O GIST é o tumor mesenquimal mais comum do tubo digestivo acometendo estômago (60-70%), intestino delgado (20-25%), cólon/reto (5%) e esôfago (<5%). Originam-se da camada muscular própria ou muscular da mucosa (4ª e 2ª camada, respectivamente). A maioria cursa de forma assintomática, porém dor abdominal, massa palpável, anemia e sangramento digestivo podem ocorrer. O diagnóstico é individualizado e envolve tomografia e/ou ressonância de abdome, endoscopia digestiva alta, colonoscopia, ecoendoscopia, enteroscopia, entre outros. O diagnóstico se baseia na avaliação imuno-histoquímica, com positividade para o CD117 (c-kit) em 95% dos casos e CD34 em 70% dos casos. O marcador DOG1 se faz útil quando o CD117 está negativo. Todos têm algum potencial maligno sendo os fatores de risco: localização em delgado, atividade mitótica aumentada, tamanho > 2 cm, heterogenicidade, presença de ulceração. O tratamento definitivo é a ressecção cirúrgica sem linfadenectomia, sendo as indicações a presença de sintomas, tamanho > 2 cm ou fatores de risco para malignidade. Quimioterápicos adjuvantes (mesilato de Imatinibe, Sunitinibe) em pacientes com doença avançada ou de alto risco tem se mostrado útil. Para os demais, recomenda-se seguimento com imagem a cada 6-12 meses.

Comentários finais

O tumor mesenquimal mais frequente no trato gastrointestinal é o GIST e este pode apresentar-se de diversas formas a depender de sua localização. Por isso, há um grande arsenal disponível para o seu diagnóstico, que deve conter fundamentalmente a análise anatomopatológica. Neste caso, mostramos um paciente em investigação de hemorragia digestiva média, onde a enteroscopia com duplo balão foi fundamental para elucidar a causa do sangramento e propiciar o tratamento definitivo e curativo ao paciente.

Palavras-Chave

Hemorragia digestiva média, enteroscopia, GIST, tumor mesenquimal

Área

Endoscopia - Intestino delgado

Autores

Bruna Lemos SILVA, Matheus DeGiovani, Bruna Ribeiro Krubniki, Paula Cristina de Morais Freitas, Rosival Vicente de Paula, Andressa Tomé Rezende de Faria, Thiago Camilo de Andrade Bertolotto, Morgana Andressa da Silva Santos, Ana Carolina Fernandes Reis, Pedro Henrique Teles Prado