Dados do Trabalho
Título
Metástase de tumor de cólon mimetizando colangiocarcinoma.
Apresentação do Caso
Masculino, 79 anos, procurou proctologista em 2014 após colonoscopia com diagnóstico de lesão estenosante em cólon sigmóide. Em exames de estadiamento foram verificadas lesões metastáticas em segmentos hepáticos. Optado por realizar retossigmoidectomia e iniciar quimioterapia paliativa. O resultado anatomopatológico da cirurgia foi de adenocarcinoma moderadamente diferenciado, com KRAS/ NRAS selvagem ( T3 N2a M1).
Em 2019 apresentou episódio de icterícia com resolução espontânea e foi realizada colangioressonância que mostra lesão de 4 cm sugestiva de colangiocarcinoma em topografia de ducto hepático esquerdo. Realizada tentativa de hepatectomia sem sucesso devido a presença de múltiplas lesões de aspecto secundário em todo o fígado. Realizadas apenas biópsias e colecistectomia. O anatomopatológico foi de metastase de adenocarcinoma.
Em julho de 2020 paciente apresentou quadro de colangite e foi optado pela realização de uma CPRE que mostra uma estenose de hepático comum sugerindo compressão extrínseca e realizada passagem de prótese biliar plástica. Em setembro foi realizada nova CPRE para troca de prótese, foram observadas estenoses esparsas em ductos intrahepáticos secundários, além de falha de enchimento móvel em hepatocolédoco. Após varredura, houve saída de um cálculo e foi optado pela passagem de nova prótese biliar plástica.
Devido a dúvida diagnóstica, em julho de 2021 realizou-se coledocoscopia com SpyGlass diagnosticando formações polipoides distribuídas no ducto hepático esquerdo e em seus ramos secundários, que não determinavam obstrução da luz. Realizadas biópsias e passagem de nova prótese plástica. O anatomopatológico das lesões foi de adenocarcinoma com imunohistoquimica sugerindo origem em tubo digestivo baixo.
Discussão
O crescimento de lesões metastáticas intrabiliares é raro, mas quando ocorre, está associado em 93% das vezes com o câncer colorretal e lesões primárias em retossigmóide são as mais relacionadas.
Devido a raridade, há dificuldade de diferenciar essas lesões do colangiocarcinoma, sendo essa diferenciação só possível por meio da imunohistoquímica.
O tratamento ideal é a ressecção cirúrgica, porém, se não é possível ou não é adequada, opta-se pela prótese biliar metálica. Com o diagnóstico correto é possível guiar a quimioterapia impactando na sobrevida a longo prazo.
Comentários finais
As biópsias realizadas na coledocoscopia possibilitaram a análise imunohistoquímica da lesão viabilizando o diagnóstico e tratamento quimioterápico adequado.
Palavras-Chave
colangiocarcinoma; metástase intrabiliar; coledocoscopia
Área
Endoscopia - Colangiopancreatografia endoscópica retrógrada
Autores
camila amaral silva, Marcus Aurélio Zaia Gomes, Tamlyn Tieme Matushita, Zelia Maria de Souza Campos