Dados do Trabalho
Título
COMPLICAÇÃO ESOFÁGICA DE MAL POSICIONAMENTO DE BALÃO DE SENGSTAKEN-BLAKEMORE
Apresentação do Caso
Masculino, 58 anos, portador de Cirrose Hepática sem etiologia definida, veio transferido de outro serviço com relato de hemorragia digestiva alta varicosa exteriorizada por melena, onde foi realizada ligadura elástica de varizes esofágicas e passagem de balão de Sengstaken-Blakemore devido à persistência de sangramento e instabilidade hemodinâmica.
Na admissão, foi observado que o balão estava mal posicionado e insuflado há mais que 48 horas.
Foi realizada endoscopia digestiva alta que mostrou coágulos na luz do esôfago, além de hematomas na mucosa e cordões varicosos de grosso calibre com ligaduras elásticas recentes, sem sangramento ativo.
Após dois dias, foi repetida a endoscopia sendo observado em terço médio e distal do esôfago (entre 29 e 37cm da ADS), úlcera circunferencial e fundo com áreas de fibrina, necrose e alguns coágulos, correspondendo a área de insuflação do balão de Sengstaken-Blakemore. Não foi observado ponto de ruptura esofágica.
Após quatro dias de internação, paciente evolui com disfunção de múltiplos órgãos e óbito.
Discussão
Em pacientes com Cirrose Hepática, varizes esofágicas são formadas em uma taxa de 5-15% dos pacientes por ano, sendo que 1/3 dos pacientes com varizes esofágicas vai apresentar sangramento. Hemorragia varicosa é uma emergência médica associada com mortalidade na ordem de 10-20% em 6 semanas. As opções terapêuticas atuais são medicamentosas (ex. terlipressina), endoscópicas (ligadura elástica, esclerose), cirúrgicas e colocação de TIPS.
O tamponamento com balão é uma forma efetiva de atingir hemostasia a curto prazo para sangramento varicoso, mas devido às complicações como ruptura esofágica (cerca de 14%) e o risco de ressangramento após desinsuflação do balão (cerca de 50%), é reservado para estabilização temporária do paciente até que um tratamento mais definitivo possa ser instituído.
Para evitar complicações, é necessário tomar alguns cuidados como intubação orotraqueal para proteção de vias aéreas antes do procedimento, confirmação radiográfica da posição do balão intragástrico, e se atentar às pressões de insuflação e de tensão do balão após posicionado. Recomenda-se também que o balão seja passado por profissional experiente, devendo-se respeitar o tempo máximo de 12-24h de permanência do balão.
Comentários finais
O tamponamento com balão é alternativa de curto prazo efetiva para sangramento refratário a primeira linha de tratamento mas traz riscos de complicações se não forem respeitados alguns cuidados.
Palavras-Chave
BALÃO DE SENGSTAKEN-BLAKEMORE, HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA, VARIZES ESOFÁGICAS
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
LUCAS ZOUAIN FIGUEIREDO, ANA PAULA SAMY TANAKA KOTINDA, FELLIPE CICUTO FERREIRA ROCHA, JULIA MAYUMI GREGÓRIO, LEONARDO DE SOUZA FONSECA, LUCAS GIOVINAZZO CASTANHO BARROS, RICARDO SATO UEMURA, CARLOS KIYOSHI FURUYA JUNIOR, BRUNO DA COSTA MARTINS, SEGIO EIJI MATUGUMA, EDSON IDE