Dados do Trabalho
Título
TÉCNICA DE RENDEZVOUS PARA RECANALIZAÇÃO ENDOSCÓPICA DE ESTENOSE ACENTUADA DE ESÔFAGO EM PEDIATRIA
Apresentação do Caso
Paciente do sexo masculino, 2 anos de idade, com disfagia para líquidos, encaminhado para tratamento de estenose cerrada de esôfago. Investigação clínica excluiu causas congênitas e infecciosas da estenose, ausência de cirurgias prévias. A mãe refere ser possível ter tido um acidente com ingestão de soda cáustica, mas não tem certeza (sic).
O exame endoscópico revelou uma estenose no terço distal do esôfago com impactação de alimentos, que foram retirados com alça. A revisão endoscópica revelou estenose em esôfago distal, com cerca de 7 cm de comprimento, quase completa, em topografia de junção esofagogástrica, e que não permitia a progressão do fio guia zebrado de CPRE. O aparelho pediátrico foi introduzido pela gastrostomia até o cárdia e simultaneamente introduzido um segundo aparelho pela boca até a estenose. Uma vez que a área de estenose foi alcançada pelos dois aparelhos, foi escolhido o ponto de punção para progressão do fio guia, por transiluminação. Foi possível então progredir o fio guia zebrado através da estenose, que foi posicionado pela boca até a gastrostomia. Efetuada dilatação com velas de Savary-Gilliard 5 a 9 mm por via anterógrada. Após a dilatação foi inserido uma prótese biliar totalmente recoberta (10 x 8 mm) para manter a estenose aberta. A prótese foi bem tolerada pela criança, e retirada por via endoscópica 4 semanas após a sua colocação. A criança encontra-se em tratamento de dilatação endoscópica.
Discussão
Este caso demonstra a eficácia de um tratamento endoscópico em obstrução acentuada de esôfago em pediatria. A recanalização do esôfago foi possível através da técnica de Rendezvous (combinada anterógrada e retrógrada), e o uso da transiluminação no cárdia permitiu escolher o melhor ponto para a progressão do fio guia.
A inserção da prótese permitiu a manutenção da luz do esôfago. E embora existam poucos casos na literatura de uso de próteses endoluminais na pediatria, tendo como uma das limitações a falta de próteses produzidas especialmente para pacientes pediátricos, a prótese biliar foi bem tolerada pela criança.
Comentários finais
O tratamento endoscópico das estenoses acentuadas de esôfago em pediatria é seguro e eficaz, quando realizado por endoscopistas experientes. Além de ser menos invasivo, apresenta menores taxas de morbidade e mortalidade que o tratamento cirúrgico.
Palavras-Chave
endoscopia pediátrica, estenose acentuada de esôfago, técnica de Rendezvous, prótese biliar
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva pediátrica
Autores
PAULA PERUZZI ELIA, DJALMA ERNESTO COELHO NETO