XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ESÔFAGO NEGRO EM PACIENTE COM PANCREATITE GRAVE - UM RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente feminino, 71 anos, com quadro clínico de agudização de doença renal crônica. Relatou ser portadora de doença renal crônica não dialítica, hipertensão arterial, diabetes, hipotireoidismo e acidente vascular encefálico prévio há 15 anos. Realizado diagnóstico de síndrome urêmica e aberto protocolo de sepse de foco urinário. Encaminhada para a unidade de terapia intensiva com antibioticoterapia de amplo espectro, sendo indicado dialise pela equipe da nefrologia. Evoluiu com piora clínica e laboratorial associado a distensão abdominal, sendo optado pela realização de tomografia de abdome. O exame identificou pâncreas de morfologia normal apresentando múltiplos focos gasosos adjacentes à cauda e corpo pancreáticos e fundo gástrico com intensa obliteração da gordura adjacente. Com base nesses achados aventou-se a hipotese de pancreatite aguda grave. Após 10 dias de internação, paciente evoluiu com quadro de hematêmese e melena associado a instabilidade hemodinâmica, sendo submetida a endoscopia digestiva alta. Exame demonstrou esofago negro extendendo-se até próximo da cárdia, sem evidencia de sangramento no momento, associado a úlceras ativas no corpo gástrico (forrest IIC) e úlcera ativa no bulbo duodenal (forrest IV). Realizado escleroterapia sem intercorrências e passagem de sonda pós pilórica". Paciente sacou a sonda nasoenteral e nova endoscopia digestiva foi solicitada para repassagem da mesma. Após 72 horas do exame inicial, o novo exame endoscopico demonstrou"cicatriz de úlcera gástrica S1 de Sakita, úlcera bulbar H2 de Sakita e não evidenciou mais o esofago negro, com total reperfusão do orgão.

Discussão

A necrose esofágica aguda ou esôfago negro é uma rara causa de hemorragia digestiva alta, caracteriza-se por enegrecimento circunferências e difuso da mucosa esofágica. A fisiopatologia parece ser multifatorial e é provavelmente secundária a uma combinação do comprometimento isquêmico como estado de baixo fluxo e desnutrição. Estados de má perfusão podem afetar outros sistemas concomitantemente como por exemplo, a circulação esplâncnica, causando hipoperfusão de órgãos como fígado e pâncreas.

Comentários finais

O relato de caso traz um dos exemplos descritos no qual a paciente apresenta alguns fatores de risco para desenvolvimento do esôfago negro. A evolução clínica favorável dependeu de adequada reposição volêmica e melhora do status perfusional. Finalmente ressaltando a rápida recuperação completa da mucosa esofageana após 72 horas da constatação do esfôfago negro.

Palavras-Chave

esôfago-negro; pancreatite aguda; endoscopia digestiva alta; hematêmese

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Mariana Saad Guarda, Bruno Amantini Messias, Giovanna Riccitelli