XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Paracoccidioidomicose intestinal: relato de caso

Apresentação do Caso

Mulher, 18a, dor abdominal e enterorragia há 1 mês, com piora há 1 semana. Nega hemorragia digestiva prévia e alteração do hábito intestinal. Quadro de dor abdominal intermitente há 02 anos. Antecedente: usuária de cocaína e maconha, paracoccidioidomicose (PCM) há 2 anos não tratada por má adesão. Na admissão: taquicardica, normotensa, afebril. Ao exame: abdome plano, flácido, discretamente doloroso, sem tumorações. Sangue no toque retal. Sem linfonodomegalias. Laboratoriais: Hb:9,8 Ht:29,4 Plaqueta:669mil, sorologias não reagentes. Iniciada investigação com endoscopia onde não foram encontradas anormalidades. Realizada colonoscopia que evidenciou, mais acentuado em reto, cólon ascendente, ceco e íleo terminal, inúmeras lesões ulceradas, entremeadas por mucosa normal, além de lesões sésseis, avermelhadas, de tamanhos variados. Progressão até 2cm do íleo terminal, com impossibilidade de seguimento devido a lesões ulceroinfiltrativas que culminam com estenose local. Realizadas biópsias seriadas e evidenciado processo inflamatório crônico erosivo intenso secundário a PCM. Paciente submetida a tratamento com sulfametoxazol e trimetoprima com melhora clínica. Evadiu no 5° dia de internação hospitalar.

Discussão

A PCM trata-se de doença granulomatosa sistêmica causada por fungos do complexo Paracoccidioides brasiliensis. Predomina em pacientes dos 30 aos 59 anos, do sexo masculino devido à proteção conferida pelo estrogênio em mulheres. Apresenta-se na forma aguda em 5 a 25% dos casos, com linfonodomegalias, hepato-esplenomegalia e lesões cutâneas. Forma crônica em 74 a 96% dos casos com comprometimento pulmonar em 90% deles. O comprometimento intestinal é raro, e quando presente, os locais ricos em tecido linfoide são os mais acometidos como íleo terminal, apêndice e cólon direito. O tratamento é de longa duração com o objetivo de controlar os sintomas clínicos e deve ser mantido até obtenção dos critérios de cura, com base nos parâmetros clínicos, radiológicos e sorológicos.

Comentários finais

Por se tratar de um raro acometimento de paciente do sexo feminino em idade fértil, com evolução para doença intestinal, seu diagnóstico requer alto nível de suspeição clínica e investigação apropriada. As formas menos usuais da PCM são subestimadas. São diagnósticos diferenciais a tuberculose e Doença de Crohn. A avaliação patológica torna-se fundamental para elucidação diagnóstica e terapêutica direcionada, evitando-se assim desfechos desfavoráveis associados à doença.

Palavras-Chave

Paracoccidioidomicose, cólon, doença intestinal

Área

Endoscopia - Colonoscopia

Autores

Monique Raquel Barbosa de Queiroz Fonseca, Lara Tagliari Koyanagi, Alexandre Tellian, Gustavo Pignatari Rosas Mamprin, Thomaz Tomo Sujdik, Nicoli Papiani Gosmano, Décio Luiz da Silva Mazzini, Ciro Carneiro Medeiros, Danielle Gatti Tenis