Dados do Trabalho
Título
DISSECÇÃO ENDOSCÓPICA DE SUBMUCOSA CIRCUNFERENCIAL EM BLOCO DE CÂNCER PRECOCE DE ESÔFAGO: UM RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
Paciente feminino, 70 anos, portadora de dislipidemia, hipotireoidismo, DPOC e tabagista (100 maços/ano). Comparece a hospital público terciário do Distrito Federal para realização de endoscopia digestiva alta (EDA) com queixa de pirose há 18 meses.
À EDA observou-se em região proximal de esôfago alteração no padrão de mucosa, com tortuosidade e espessamento de vasos e áreas com pontos de fibrina, quase circunferencialmente ao órgão, com comprimento de cerca de 5 cm. Cromoscopia com lugol a 2% mostrou região iodo negativa. Lesão classificada como Lesão plana esofágica – Paris 0-IIb
Realizada biópsia de lesão esofágica, que revelou neoplasia intraepitelial escamosa com displasia de alto grau. Foi programada dissecção endoscópica de submucosa da lesão (ESD).
Realizada ESD de lesão esofágica com dissecção circunferencial em bloco único, sem intercorrências.
Paciente continuou internada sob vigilância clínica por 48h. Evoluiu bem, sem intercorrências. Segue em uso de corticoide oral como estratégia de redução de estenose esofágica. Orientado retorno em 30 dias para revisão endoscópica.
Discussão
O Carcinoma esofágico é o 6º mais letal no mundo e possui dois subtipos: adenocarcinoma e CEC, este o mais frequente (96% dos carcinomas esofágicos no Brasil). Acomete mais o sexo masculino e tem como principal fator de risco o tabagismo.
A detecção precoce dessas lesões é difícil por não haver estratégia de rastreio efetivas. Em estágio inicial não apresentam sintomas específicos e, por isso, quando indicado, o exame endoscópico deve buscar lesões precoces, que são passíveis de terapia endoscópica – via ESD ou ressecção endoscópica de mucosa (EMR)
Neste caso, o diagnóstico precoce da lesão ainda em estágio T0 (risco muito baixo de metástase linfonodal), possibilitou a terapia endoscópica – optou-se por ESD. Vale ressaltar que a ressecção em bloco único circunferencial à luz esofágica realizada é rara e de alta complexidade.
A técnica de ESD consiste em marcar as bordas da lesão utilizando uma ESD knife. Em seguida utiliza-se agulha para injeção de solução salina ou colóide que irá permear as camadas submucosa e muscular própria, possibilitando a dissecção das camadas e, portanto, a ressecção da lesão.
Tal técnica é similar à esofagectomia em de taxa de cura e sobrevida em 5 anos, todavia é menos associada a complicações pós procedimento; e superior à EMR em taxa de cura e com menor recorrência local.
Comentários finais
Aguardamos laudo histopatológico para confirmar bordas livres e sucesso terapêutico.
Palavras-Chave
Detecção Precoce de Câncer, Neoplasias Esofágicas, Doenças do Esôfago, Endoscopia, Dissecção Endoscópica de Submucosa, ESD.
Área
Endoscopia - Endoscopia digestiva alta
Autores
KELSON LOPES PONTES ALBANO BATISTA, TÉCIO DE ARAÚJO COUTO, EDUARDO NASSER VILELA, ANA PAULA DA SILVA PEREIRA LÔPO