XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Relação entre a pancreatite aguda medicamentosa em pacientes HIV-positivos com uso de Terapia Antirretroviral

Introdução

A incidência de pancreatite aguda em indivíduos HIV positivos pode chegar até 40% ao ano, enquanto na população geral é de 2%. A taxa de pancreatite na população HIV/AIDS pode decorrer de outras condições como uso de medicamentos não TARV, infecções oportunistas, abuso de substâncias e outros fatores de risco. Além disso, antirretrovirais são citados na literatura como indutores de pancreatite aguda medicamentosa.

Objetivo

O objetivo desse estudo é analisar a incidência de pancreatite aguda em pacientes HIV positivos em uso da nova era de antirretrovirais.

Método

Trata-se de uma revisão horizontal realizada a partir do método de PRISMA, por 6 pesquisadores independentes entre maio e dezembro do ano de 2020. A revisão final foi feita pelo orientador e pesquisador senior.

Resultados

Foram incluídos 14 artigos. Destes, 8 não respondem se o uso de TARV em pacientes HIV positivos pode ter como efeito adverso a pancreatite aguda; 5 respondem a pergunta afirmando que TARV não é um agente causador da pancreatite medicamentosa; 1 artigo demonstrou que TARV é um agente causador de pancreatite medicamentosa. Não foi encontrada diferença significativa entre a prevalência dos sexos ou variações do IMC em pacientes HIV positivos com pancreatite aguda medicamentosa induzida por antirretrovirais. Foi encontrada maior prevalência de pancreatite medicamentosa induzida por TARVs na raça negra, em pacientes com baixa contagem de CD4 e em coinfecções do HIV com hepatite B e C. O consumo de álcool foi encontrado como um fator independente, não sendo associado a etiologia medicamentosa.

Conclusão

A partir da análise e interpretação dos resultados obtidos nesse estudo, observa-se que há um número maior de artigos que não se aplicam e que negam a relação dos novos TARVs com a pancreatite aguda. Apesar de ser conhecida na prática clínica, os estudos que analisaram essa causalidade não conseguiram comprová-la. Essa preocupação se deve aos primeiros antirretrovirais que possuíam um número elevado de efeitos colaterais. Além disso, a associação de fatores de risco gera um efeito confusional quanto a real etiologia da pancreatite.
Este estudo não encontrou nenhuma relação entre pancreatite aguda medicamentosa e uso da terapia antirretroviral em pacientes com HIV. Assim, conclui-se que a nova era TARV atualmente utilizada é segura em relação à pancreatite aguda.

Palavras-Chave

HIV; Pancreatite aguda; TARV; Efeitos adversos

Área

Gastroenterologia - Pâncreas e Vias Biliares

Autores

Ana Beatriz Alvarenga Cansancao, Ketleen Koga, Laura Romanholi, Maria Luisa Araujo Souza, Matheus Borri Marroni, Rafael Lopes de Oliveira, Ethel Zimberg Chehter