Dados do Trabalho

Título

Uso de sonda enteral posicionada por endoscopia como alternativa para alimentação precoce em caso de hematoma duodenal – Relato de caso.

Apresentação do Caso

Paciente sexo feminino, 13 anos, apresentou trauma abdominal fechado após queda de cavalo, evoluindo com dor e distensão abdominal. Chegou ao pronto socorro hemodinamicamente estável e foi submetida a tomografia computadorizada (TC) de abdome, que evidenciou hematoma duodenal e liquido livre em pequena quantidade. Optado pela passagem de sonda nasogástrica, que apresentou drenagem biliosa de 300ml/12h. Realizado radiografa (RX) contrastada de estômago e duodeno que mostrou obstrução duodenal. Para evitar o uso de nutrição parenteral, foi optado pela realização de endoscopia digestiva alta (EDA), na qual foi visualizado hematoma intramural em parede anterior de segunda porção duodenal, que limitava a progressão do aparelho. Foi realizada passagem de sonda enteral guiada pela endoscopia, além do hematoma, para alimentação. Paciente iniciou dieta enteral logo após a passagem da sonda, com boa aceitação. Após três dias de alimentação exclusivamente enteral, realizado novo RX contrastado que evidenciou resolução da obstrução, sendo então liberada dieta via oral, sem intercorrências.

Discussão

Hematoma duodenal é uma patologia rara em criança, sendo trauma a causa mais comum, mas também ocorre como complicação de biópsia duodenal endoscópica e de forma espontânea, em pacientes com distúrbios de coagulação ou uso de anticoagulantes. Em crianças o risco de lesão duodenal por trauma contuso é maior por causa de sua anatomia, porém existem poucos estudos publicados sobre a abordagem e gestão do hematoma duodenal.
O quadro clínico pode variar de dor abdominal leve a obstrução intestinal. Este tipo de lesão pode levar à obstrução total ou parcial da luz duodenal. Em casos graves, pode levar a complicações potencialmente fatais, como ruptura ou isquemia local. O tratamento geralmente é conservador e envolve repouso intestinal da área afetada e suporte nutricional. Atualmente, preconiza-se o uso de nutrição parenteral (NP) como primeira escolha para estes pacientes, visto que permanecerão em jejum prolongado. Não há descrição na literatura de passagem de sonda enteral guiada por endoscopia para evitar o uso de nutrição parenteral.

Comentários finais

A passagem de sonda enteral guiada por endoscopia e posicionada após a área de obstrução duodenal secundária a hematoma é uma alternativa segura e deve ser uma opção em locais que possuem serviços de endoscopia pediátrica, visando a alimentação precoce nesses casos, evitando-se assim a morbidade secundária ao uso de NP.

Palavras-Chave

hematoma duodenal, sonda enteral, endoscopia pediátrica