XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

TUMOR NEUROENDÓCRINO NÃO FUNCIONANTE DE INTESTINO DELGADO: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

M.F.N, masculino, 51 anos, com melena, dor abdominal e surgimento de enterorragia. Sem comorbidades. Ao exame físico, leve distensão abdominal. EDA e colono sem alterações. Após alta retornou em 24h com suboclusão intestinal e TC de abdome evidenciando massa tumoral em transição jejuno-ileal sendo abordada cirurgicamente. Biópsia: neoplasia neuroendócrina bem diferenciada grau I. Dosagem de cromogranina A = 5,4 nmol/L; glucagon e VIP normais. RNM, Angio-TC e PET-TC com estadiamento T3N2M1a. Tratamento conservador com Sandostatin-Lar e segunda abordagem cirúrgica para ressecção da tumoração mesentérica remanescente, além de biópsia dos possíveis implantes hepáticos. Mantido Sandostatin Lar e iniciado radionuclídeo Lutécio. Após as terapias descritas, encontrada apenas 1 metástase ativa de 9mm, no segmento IV-B do fígado, sendo feita a ablação por radiofrequência. Acompanhamento com dosagem de cromogranina A de 3-3 meses e exames de imagem de 6-6 meses. Apresenta-se sem evidência de doença ativa.

Discussão

Os tumores neuroendócrinos de intestino delgado (TNEs), apesar de raros, constituem a segunda causa mais comum de malignidade nesse local. Taxa de incidência de 0,28-0,8/100.000 habitantes e acometem homens e mulheres em igual frequência, com pico de idade entre a sexta e sétima décadas de vida. A maioria é bem diferenciada e tem comportamento indolente, levando a um aparecimento tardio dos sintomas, que podem ser parte da síndrome carcinóide ou ter, apenas, efeito de massa e hemorragias como manifestações clínicas. O diagnóstico costuma ser tardio e o prognóstico reservado. O tratamento curativo é a abordagem cirúrgica de lesões ressecáveis, com a possibilidade de adição de terapias adjuvantes e complementares em casos de tumores primários ou metástases irressecáveis.

Comentários finais

É importante destacar que por apresentar sintomatologia variada e bastante inespecífica, o diagnóstico definitivo dos TNEs tende a ser dificultado, necessitando de exames laboratoriais, histopatológicos e de imagem para confirmá-lo e decidir a terapêutica a ser implementada. O único tratamento definitivo é a excisão cirúrgica, porém, não é o tratamento de escolha na maioria dos pacientes, devido ao diagnóstico em fases avançadas, já com metástases à distância. O conhecimento das opções terapêuticas alternativas é de extrema importância para conduzir o caso e, assim, promover menor morbidade.

Palavras-Chave

Tumor neuroendócrino; intestino delgado; sangramento digestivo

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Viviane Lozano Espasandin, Jessica da Motta Costa, Pietra Arruda Nardelli