Dados do Trabalho
Título
DOENÇA DE CROHN ESOFÁGICA: RELATO DE CASO
Apresentação do Caso
TFRS, 23 anos, sexo feminino, sem comorbidades prévias, usuária de anticoncepcional oral, com história de dor abdominal e diarreia líquida em 2018. Submetida à colonoscopia com biópsia que evidenciou Retocolite Ulcerativa (RCU). Evoluiu com febre e enterorragia, apresentando hemoglobina de 5,1 g/dl, hematocrito 15,4%, leucócitos de 33.000/MM³ com 39% bastões, PCR 17,4 mg/L e ferritina de 750,5 µg/L. Durante acompanhamento médico, a paciente referiu disfagia, perda ponderal e dor retroesternal. Realizou Endoscopia Digestiva Alta (EDA), que revelou úlcera e estenose esofágicas. Mostrou-se refratária ao tratamento com imunobiológicos e à dilatação endoscópica, necessitando de esofagectomia total.
Discussão
A Doença de Crohn (DC) esofágica é uma condição inflamatória crônica, com caráter transmural, de etiologia ainda desconhecida, que sofre influência genética e ambiental. O acometimento do trato gastrointestinal (TGI) superior ocorre apenas em 0,5 - 16% dos pacientes e confere um fenótipo mais grave. A sintomatologia pode ser inespecífica, ou pode cursar com disfagia, odinofagia, pirose ou dor torácica. Em casos mais avançados, podem surgir estenose e fístulas esofagobrônquica ou esofagogástrica. Alguns marcadores laboratoriais auxiliam na suspeita, como leucocitose com desvio à esquerda, elevação da VHS, PCR e anemia em casos mais graves. A EDA com biópsia é o método mais sensível para o diagnóstico. A Classificação de Montreal categoriza os pacientes com base na idade do diagnóstico, da localização da doença e do padrão comportamental e é útil no prognóstico. O tratamento tem por objetivo a melhora na qualidade de vida, indução e manutenção da remissão, e engloba desde medicações tópicas (sulfassalazina, mesalazina), imunobiológicos (infliximabe, adalimumabe) até procedimentos endoscópicos e cirúrgicos, sendo estes reservados para casos refratários.
Comentários finais
O relato elucida uma forma rara de apresentação da DC responsável por menos de 5% dos casos, cuja grande dificuldade é o diagnóstico precoce. O que ocorre na maioria dos pacientes é apenas a identificação do acometimento esofágico após o quadro intestinal, resultando no surgimento de complicações. O tratamento é estabelecido de acordo com a gravidade da enfermidade e o prognóstico, em geral, é desfavorável, com impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes.
Palavras-Chave
Doença de Crohn; esôfago
Área
Gastroenterologia - Esôfago
Autores
Viviane Lozano Espasandin, Isabela Teixeira Bragança, Karina Lameirão Molinaro Leitão