XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

RUPTURA ESPONTÂNEA DE HÉRNIA INCISIONAL – RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente de 91 anos, masculino, natural e procedente de Santa Rita do Passa Quatro (SP), apresenta quadro de evisceração espontânea na linha média do abdômen junto a cicatriz mediana xifo púbica, pós esforço evacuatório. Chegou ao pronto socorro com exposição das alças intestinais através deste defeito, tendo as alças protegidas com compressas e soro morno. Hemodinamicamente estável, Glasgow 15. Levado ao centro cirúrgico, apresentava isquemia mesentérica do segmento do delgado. Foi explorado o anel da ruptura com aproximadamente 4 cm e realizada pequena incisão relaxadora em direção cranial, ressecando 40 cm de delgado com anastomose manual látero-lateral. Devido ao potencial de complicações, optou-se pelo fechamento primário no anel herniário com pontos de mononylon 1 e transfixação de três pontos totais de ancoragem espaçados de 3 em 3 cm. Liberado com cinta abdominal e suplemento alimentar hiperproteico. Seu histórico cirúrgico é de uma laparotomia mediana há 20 anos por apendicectomia complicada, que evoluiu com hérnia incisional. Dez anos após, foi submetido a colecistectomia, com nova incisão na linha média, reabertura completa da cicatriz prévia e correção da hérnia incisional sem prótese. Progrediu com infecção da ferida operatória, e recidiva da hérnia após três anos.

Discussão

No Brasil, a hérnia está presente em 20% da população, sendo que 10% dos procedimentos são de hérnias incisionais, cujas correções recidivam na mesma proporção. Pelo fato da ruptura espontânea de hérnia ser um episódio incomum, os casos relatados são complicações de hérnias incisionais, hérnias inguinais recorrentes e hérnias umbilicais. Além dos problemas sistêmicos e do aumento da pressão intra-abdominal que levam à hérnia, a ruptura e evisceração espontâneas costumam ser precedidas por outros fatores, como inflamação ou infecções, que fragilizam a cobertura.

Comentários finais

Apesar da patologia ser potencialmente fatal, pela possibilidade do aprisionamento e da tensão subsequente no mesentério causarem choque vasovagal ou estrangulamento, nosso paciente evoluiu bem. Com alta no sexto dia de pós-operatório, apresentou trânsito intestinal preservado, com pontos retirados após 21 dias. Independente da patogênese, o reparo tardio do defeito desencadeia aumento do risco de ruptura, agravamento da protrusão por aumento de pressão local, adelgaçamento da pele e isquemia. É causado por: negligência do defeito, medo ou falta de vontade de se submeter a outra grande operação e restrições financeiras.

Palavras-Chave

Hérnia incisional; Patogênese; Ruptura espontânea.

Área

Cirurgia - Intestinos

Autores

Beatriz Manarin de Souza, Marina Berdun Azevedo, Guilherme Guimarães Leal, Rodrigo Sanderson