XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Colite aguda grave em paciente com COVID-19: relato de caso

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 50 anos, com cirrose hepática por colangite esclerosante primária, Child-Pugh A6 e MELDNa 12, e retocolite ulcerativa, pancolite, diagnosticada em 2015, em uso de mesalazina. Em julho de 2021 internou devido colite aguda grave, e por protocolo hospitalar, realizado RT-PCR para COVID-19, sendo positivo, porém sem sintomas respiratórios. Apresentava-se com piora da plaquetopenia, anemia, INR alargado, hipoalbuminemia e lesão renal aguda. Iniciado corticoide endovenoso e antibioticoterapia. A retossigmoidoscopia evidenciou Mayo 3 e a endoscopia digestiva alta mostrou úlceras esofágica, gástrica e duodenal. Além disso, apresentou PCR de citomegalovírus detectável, iniciado ganciclovir. Pesquisa de C. difficile e coprocultura foram negativas. Paciente evoluiu com megacólon tóxico, optado por iniciar infliximabe 10mg/kg, contudo evoluiu posteriormente com perfuração colônica e necessidade de colectomia de urgência. Paciente apresentou diversas intercorrências clínicas e pós cirúrgica, descompensação da doença hepática e óbito.

Discussão

O COVID-19 é uma entidade nosológica nova e o manejo da infecção concomitante à exacerbação da doença inflamatória intestinal (DII) é atualmente baseado na opinião de especialistas. Estudos demonstram que pacientes com DII não parecem ter risco maior de infecção por COVID-19 em relação à população em geral, no entanto, o uso de ácido 5-aminossalicílico foi considerado suspeito para risco aumentado de aquisição desta infecção, assim como desfechos mais graves, porém, novas pesquisas tendem a não confirmar esse achado. A piora dos sintomas gastrointestinais nesta população é desafiador, porque pode corresponder à exacerbação da DII ou sintomas da COVID-19. O tratamento de pacientes com DII infectados com o SARS-CoV-2 depende da gravidade da infecção e grau de atividade da DII. No contexto do megacólon tóxico e infecção leve pelo COVID-19, foi optado pela terapia de resgate com infliximabe, considerando sua disponibilidade, assim como sua capacidade em atenuar a síndrome de liberação de citocinas, envolvida também na patogênese do COVID-19.

Comentários finais

Este caso destaca algumas dificuldades no manejo de pacientes com DII grave e COVID-19. A influência da infecção pelo COVID-19 em pacientes com DII em atividade ainda não são conhecidos, nem os ajustes apropriados aos tratamentos para mitigar os riscos ou reduzir as complicações. Mais estudos são necessários para elucidar a influência do SARS-CoV-2 na DII e a terapêutica mais adequada.

Palavras-Chave

Doença inflamatória intestinal, colite aguda grave, retocolite ulcerativa, covid.

Área

Gastroenterologia - Intestino

Autores

Thaís Viana Tavares Trigo, Dalyane Cristina Martins Machado, Marjorie Desireé Medrado Mascarenhas, Marcel Lima Andrade, Alex Rodrigues Fonseca, Talita Ramos de Alencar Silva, Orlando Ambrogini-Junior