XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Ligadura elástica versus coagulação com plasma de argônio no tratamento da ectasia vascular antral gástrica (GAVE): revisão sistemática e metanálise de ensaios clínicos randomizados

Introdução

A ectasia vascular antral gástrica (GAVE) é uma condição que frequentemente carrega alta morbidade e impacto financeiro. Os pacientes com GAVE normalmente apresentam hemorragia gastrointestinal oculta ou explícita e muitas vezes se tornam dependentes de transfusões sanguíneas. A coagulação com plasma de argônio (CPA) tornou-se o tratamento endoscópico mais comumente usado para GAVE no mundo, apesar de consideráveis taxas de recorrência. A ligadura elástica endoscópica (LEE) surgiu como uma terapia alternativa.

Objetivo

Nosso objetivo é, por meio de uma revisão sistemática e metanálise, avaliar a melhor opção para o tratamento de GAVE.

Método

Foi realizada uma revisão sistemática e metanálise da literatura (MEDLINE, Central Cochrane, Embase, LILACS/BVS e busca cinzenta) segundo as recomendações do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis) e utilizando o sistema PICO. Apenas ensaios clínicos randomizados (ECR) comparando terapias endoscópicas para GAVE foram incluídos. O risco de viés de cada estudo foi avaliado por meio da ferramenta de risco de vieses da Cochrane. O nível de evidência de cada desfecho foi avaliado segundo o GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation). Os dados foram metanalisados utilizando o Software Revman 5.4.

Resultados

Quatro ECRs foram incluídos, com um total de 204 pacientes. A LEE foi relacionada a taxas de risco de erradicação endoscópica mais altas (diferença de risco: 0,29, IC 95% [0,14, 0,44], p = 0,0001, I2 = 0%) e menor recorrência de sangramento do que a CPA (diferença de risco: 0,29, IC 95% [0,15, 0,44], p < 0,0001, I2 = 0%). Os pacientes tratados com LEE necessitaram menos transfusões de sangue (diferença média 1,49, IC 95% [0,28, 2,71], p = 0,02, I2 = 96%) e hospitalizações (diferença média: 0,29, IC 95% [0,19, 0,39], p < 0,00001, I2 = 0%). O número de sessões necessárias para a obliteração das lesões foi maior com a CPA (diferença média: 1,38, IC 95% [0,35, 2,42], p = 0,009, I2 = 94%). Não houve diferença na incidência de eventos adversos.

Conclusões

Esta metanálise demonstrou que a LEE apresenta taxas mais altas de erradicação endoscópica, menor recorrência de sangramento e redução nas necessidades transfusionais. O número de sessões necessárias para a obliteração das lesões também é maior com a CPA. Ambas as intervenções apresentam eventos adversos similares.

Palavras-Chave

Ectasia vascular antral gástrica; GAVE; Endoscopia gastrointestinal; Revisão sistemática; Metanálise.

Área

TCC – Centro de Treinamento - Endoscopia digestiva alta

Autores

Bruno Salomão Hirsch, Igor Braga Ribeiro, Mateus Pereira Funari, Diogo Turiani Hourneaux de Moura, Sergio Eiji Matuguma, Sergio A. Sánchez-Luna, Fabio Catache Mancini, Guilherme Henrique Peixoto de Oliveira, Wanderley Marques Bernardo, Eduardo Guimarães Hourneaux de Moura