Dados do Trabalho
Título
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA E DA RESPOSTA VIRAL SUSTENTADA DOS PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C SUBMETIDOS A TRATAMENTO COM ANTIVIRAIS DE AÇÃO DIRETA EM UM HOSPITAL TERCIÁRIO DE FORTALEZA
Introdução
O vírus da hepatite C infecta cerca de 71 milhões de pessoas em todo o mundo e no Brasil a estimativa de infectados é de 2 a 3 milhões. Dos infectados, 60 a 70% irão evoluir para hepatopatia crônica, dos quais 20% poderão desenvolver cirrose em 20 anos e, desses, 1 a 4% progredir para hepatocarcinoma. A maioria dos portadores da doença desconhece seu diagnóstico, sua forma de aquisição e a existência do tratamento efetivo para a mesma. O seu tratamento atual é realizado com novos antivirais de ação direta (DAAs) de segunda geração que evidenciaram maior eficácia, menos efeitos colaterais, regimes de curta duração e resposta viral sustentada (RVS) superiores a 90%. No Brasil, especialmente no Ceará os estudos epidemiológicos sobre esse tema ainda são escassos.
Objetivo
Analisar as características epidemiológicas e a RVS dos portadores de hepatite C submetidos a tratamento com DAAs em um hospital terciário de Fortaleza.
Método
Estudo do tipo coorte retrospectiva que incluiu pacientes assistidos ambulatorialmente em um hospital terciário de Fortaleza no período de janeiro de 2015 a julho de 2020, dos quais foram avaliados dados demográficos e clínicos.
Resultados
Foram incluídos na coorte final 169 pacientes. Houve predominância (57%) do sexo masculino com idade média de (55,94 ± 11,39 anos). A maioria tinha cirrose e apresentava genótipo (GT) 1 e foram tratados com sofosbuvir e daclatasvir (SOF / DCV). Os dois pacientes coinfectados com HIV e todos os pacientes com clearance de creatinina <30 no nosso estudo obtiveram RVS. Em relação aos pacientes que não obtiveram RVS, 60% (n=3) não eram cirróticos e não faziam uso de esquema terapêutico anterior, enquanto
40% (n=2) eram cirróticos, GT 3 e já haviam sido tratados previamente com interferon e ribavirina. O fato de pacientes já terem usado previamente esse esquema mostrou forte associação, com relevância estatística (p<0,05) na não obtenção da RVS quando comparado com o grupo de pacientes que obtiveram RVS e não realizaram esse esquema de tratamento no passado. A taxa geral de RVS foi de 97%. Já a taxa de RVS dentro de cada genótipo foi de 98% para o GT 1a, 99% no GT 1b, 86% no GT 2 e 94% no GT 3. Contudo, tal diferença não mostrou relevância estatística, entre genótipos e a RVS, pois o p>0,05.
Conclusão
Os resultados deste estudo mostraram uma população predominantemente masculina, com idade média de 55,94 ± 11,39 anos, a maioria de cirróticos, com predomínio do GT 1 e sendo o esquema SOF/DCV mais utilizado. Ressalta-se a boa tolerância e a elevada efetividade dos novos DAAs, com uma taxa global de RVS de 97%.
Palavras-Chave
Hepatite C crônica; Perfil clínico-epidemiológico; Terapia com antivirais de ação direta; Resposta viral sustentada.
Área
Gastroenterologia - Fígado
Autores
NYVIA MARIA BARROSO PORTELA, FRANCISCO SÉRGIO RANGEL DE PAULA PESSOA