XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Esofagite herpética- Relato de caso

Apresentação do Caso

Mulher de 48 anos, HIV positiva, carga viral indetectável, em QT para câncer de mama metastático, com história de uso recente de corticoide, interna por dor retroesternal e disfagia há 1 semana. EDA evidenciava esôfago com mucosa espessada, múltiplas ulcerações rasas, confluentes e recobertas por fibrina, distribuídas por toda extensão esofágica(figura 1). Ao estudo AP foi constatado borda e fundo de úlcera com exuberante tecido de granulação e exsudato fibrinoleucocitário(figura 2), com pesquisa imuno-histoquímica positiva para antígenos relacionados ao vírus herpes simplex(HSV) I e II, caracterizando esofagite herpética (EH).

Discussão

A EH é mais frequente em pacientes imunocomprometidos(ICPM), sendo ocasionalmente observada em pacientes imunocompetentes(ICT). A maioria das infecções está relacionada ao HSV-1. A EH pode ocorrer durante a infecção primária pelo HSV ou pode resultar da reativação da infecção. A disseminação do vírus para a mucosa esofágica pode ocorrer por meio do nervo vago ou por extensão direta da infecção orofaríngea para o esôfago.

Os principais sintomas são odinofagia e disfagia, mas febre e dor retroesternal podem estar presentes. A associação com herpes labial e úlceras orofaríngeas é frequente. As principais complicações são sangramento, fístula traqueoesofágica e impactação alimentar, com alguns relatos de associação com esofagite eosinofílica.

O diagnóstico é dado pelos achados endoscópicos, confirmados por exame AP das lesões observadas.

As lesões geralmente afetam a mucosa do esôfago distal, apresentando-se inicialmente como vesículas, que se coalescem para formar úlceras (geralmente menores de 2 cm), frequentemente com mucosa intermediária de aparência normal. Exsudatos, placas e erosões também podem estar presentes. As biópsias devem ser feitas na borda da úlcera.

O tratamento depende do estado imunológico do paciente. A resolução espontânea geralmente ocorre em pacientes ICT após 1-2 semanas. No entanto, pacientes ICPM devem ser tratados com antivirais pelo período de 14-21 dias.

Comentários finais

A EH geralmente afeta pacientes ICPM e é incomum em ICT. Na maior parte dos casos a sintomatologia é típica e os achados endoscópicos e AP caracterizam seu diagnóstico. Na maioria dos casos a evolução é favorável após tratamento antiviral.

Palavras-Chave

esofagite, herpes vírus

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Fellipe Cicuto Ferreira Rocha, Bruno Da Costa Martins, Julia Mayumi Gregório, Lucas Giovinazzo Castanho Barros, Lucas Zouain Figueiredo, Ana Paula Samy Tanaka Kotinda, Leonardo De Souza Fonseca, Carlos Kiyoshi Furuya Junior, SÉRGIO EJI MATUGUMA, Renan Ribeiro Ribeiro, Sônia Nadia Fylyk, Paulo Sakai