XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ESÔFAGO NEGRO EM PACIENTE PÓS OPERATÓRIO DE ENXERTO FEMOROTIBIAL POSTERIOR EM MEMBRO INFERIOR ESQUERDO POR OBSTRUÇÃO ARTERIAL AGUDA

Apresentação do Caso


Paciente masculino, 81 anos, internado para cirurgia vascular por obstrução arterial aguda de origem
trombótica em membro inferior esquerdo, Rutherford IIb, com evolução de 10 dias, é
submetido a cirurgia para enxerto femoro tibial posterior com utilização de veias basílicas.
Procedimento ocorreu sem intercorrências. Apresentou vômitos no pós-operatório imediato
com melhora ao uso de sintomáticos. Pela noite apresentou episódio de hematêmese, onde
foi solicitado uma endoscopia digestiva alta pelo médico intensivista. Ao exame, realiado
beira leito de UTI, foi visualizado em terço medial de esôfago descoloração circunferencial
enegrecida que se estendia até junção gastro esofágica com interrupção abrupta,
caracterizando esofagite necrotizante.

Discussão


A esofagite necrotizante é uma patologia rara, causa de hemorragia digestiva alta,
resultante da combinação de isquemia esofágica, corrosão pelo conteúdo gástrico e
prejuízo na reparação da mucosa. Ela se apresenta com alteração variável na mucosa,
desde perda parcial do epitélio com ulceração até descamação de todas as camadas da
mucosa e envolvimento das camadas profundas dos músculos e perfuração. Também
apresenta necrose e devido à coloração escura ao exame endoscópico, é conhecida como
esôfago negro. Tem causa multifatorial, tendo como mecanismos etiopatogênicos a
isquemia, obstrução gástrica, hipersensibilidade a antibióticos, infecções, hipotensão
prolongada, trombose vascular, malignidades, imunossupressão, doenças hepáticas e
cetoacidose diabética.
O diagnóstico é essencialmente endoscópico e os achados são diversos e exigem que
outras etiologias que produzam alterações semelhantes sejam excluídas, como ingestão de
cáusticos, infecções, radioterapia, melanoma metastático, entre outros. O tratamento é
inespecífico com bloqueio da secreção ácida, medidas gerais de suporte clínico como a
hidratação, tratamento das patologias de base e repouso esofágico. O prognóstico é
desfavorável, com alta mortalidade. No entanto é possível que a elevada taxa de
mortalidade esteja relacionada com a gravidade da situações clínicas subjacentes e não
com a evolução das lesões esofágicas, tendo em vista que a história natural da doença é a
resolução espontânea.

Comentários finais


A necrose esofágica aguda é uma complicação rara e deve fazer parte dos diagnósticos
diferenciais do médico que se depara com quadro de hemorragia digestiva nos pacientes
em pós-operatório recente.

Palavras-Chave

Esofago Negro; esofagite necrotizante

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Nathan Uehara Lira, Leonardo Oba, Clovis Massato Kuwahara, Ricardo Capello Papi, Maria Fernanda Galdino Soares Luchetti, Carina Daniele Fava, Isabelle Souza e Silva Kristal, Amanda Luiza do Espirito Santa Pinheiro, Lude Uehara Lira, Enzo Uehara Lira