Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇÃO TEMPORAL DAS INTERNAÇÕES POR ÚLCERA GÁSTRICA E DUODENAL NO BRASIL ENTRE 2008 E 2020
Introdução
O termo úlcera péptica refere-se à lesão na submucosa do trato digestivo. Essas lesões atingem principalmente o estômago e a porção proximal do duodeno. As principais causas para a doença são a infecção por H. pylori e o uso excessivo de anti-inflamatórios não-esteroides. As úlceras pépticas são mais comuns em países subdesenvolvidos e a sua incidência tem caído no mundo inteiro.
Objetivo
Avaliar a evolução temporal das taxas de internação, óbitos e letalidade hospitalar por úlcera gástrica e duodenal nas regiões do Brasil e no país como um todo.
Método
Trata-se de um estudo ecológico de tendência temporal das taxas de internação, óbitos e letalidade hospitalar por úlcera gástrica e duodenal entre 2008 e 2020 utilizando dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS). A unidade de análise foi o Brasil e suas regiões. Para analisar as tendências foi utilizado o software Joinpoint Regression, com significância de 5%.
Resultados
No período estudado ocorreram 171.017 internações por úlceras gástricas e duodenais, dentre as quais 13.329 evoluíram para óbito (7,79% de letalidade hospitalar). A taxa de internação no país como um todo foi de 65,24 internações por milhão de habitantes, sendo a taxa mais alta encontrada no Centro-Oeste (96,34) e a mais baixa no Nordeste (57,41). Observando-se a taxa de internação no Brasil foi identificado no intervalo 2008-2013 um Annual Percentage Change (APC) de -7,62 (p<0,05), indicando queda, a qual foi seguida por um período de maior estabilidade (APC=-1,13; p<0,05). Apesar dessa queda na taxa de internação, o país registrou alta tendência de alta nos óbitos (APC=+21,40; p<0,05) e na letalidade hospitalar (APC=+0,50; p<0,05) no período 2008-2020. Todas as regiões do país apresentaram comportamento de tendência das variáveis estudadas semelhante à do Brasil, com variações apenas na magnitude dos APCs, sendo quase todos significativos.
Conclusão
Os dados mostram um contraste interessante: a cada ano, menos pessoas são internadas por úlceras gástricas e duodenais, porém, paradoxalmente, a cada ano mais pessoas morrem em decorrência desse quadro. A literatura diz que nos últimos 20-30 anos a incidência e a mortalidade têm caído em todo o mundo, fato este que não é observado no Brasil. Esses dados podem indicar que os pacientes estão desenvolvendo lesões mais graves, falhas no tratamento da doença na rede hospitalar ou diversos outros fatores. Assim, fazem-se necessários novos estudos mais aprofundados para entender melhor esse fenômeno.
Palavras-Chave
Úlcera Péptica, Epidemiologia, Gastroenterologia
Área
Gastroenterologia - Estômago/Duodeno
Autores
Emerson Kennedy Ribeiro de Andrade Filho, Gabriel Melo Caldas Nogueira, Victor Emanoel Santos Silva, Pedro Vilar de Oliveira Villarim, Isadora de Albuquerque Falcão Feitosa, Matheus Felipe Muniz da Silva, Marcus Vinicius Silva de Paiva, Edgleide Tiburtino de Oliveira, Raíssa de Azevedo Queiroz