XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

FÍSTULA PANCREATOPLEURAL POR PSEUDOCISTO PANCREÁTICO: RELATO DE UM CASO DE EVOLUÇÃO INCOMUM

Apresentação do Caso

Nesse estudo, será relatado um caso de uma paciente de 47 anos, sem comorbidades, que apresentou um pseudocisto pancreático de etiologia traumática. Durante internação, evoluiu com derrame pleural extenso, sendo realizada drenagem pleural em selo d´água. Em exames de imagem, evidenciada fístula pancreatopleural transdiafragmática. Foi então submetida à uma pancreatectomia corpocaudal com esplenectomia e frenorrafia posteromedial esquerda + colecistectomia por pseudocisto pancreático fistulizado para hemitórax esquerdo. Além disso, devido ao espessamento pleural, foi realizada decorticação pulmonar esquerda por videotoracoscopia. Paciente recebeu alta sem complicações.

Discussão

O pseudocisto pancreático pode ocorrer, em geral, por complicações da pancreatite aguda. Em aproximadamente apenas 0,4% dos casos de pancreatite pode ocorrer comunicação com a cavidade pleural, formando uma fístula pancreatopleural, complicação rara e pouco descrita na literatura.
Na grande maioria, está mais associado a casos de pancreatite alcóolica, que corresponde a aproximadamente 84,37%. As demais etiologias podem ser por pancreatite biliar (9,37%), traumática (3,12%) ou idiopática (3,12%).
O diagnóstico muitas vezes é difícil por conta de sua apresentação atípica, sendo a manifestação clínica mais comum o desenvolvimento de sintomas respiratórios, em especial evoluindo com derrame pleural. A dor abdominal não é comum e a investigação diagnóstica pode ser feita com uma ressonância de abdome e uma pancreatografia que evidenciam o trajeto fistuloso.
Em relação ao tratamento, não existe um consenso definido. Em geral, pode-se realizar tratamento clínico com somatostatina, jejum via oral e nutrição parenteral total, além da drenagem torácica por cerca de 2 a 3 semanas; ou a colocação de stents na via pancreática pela CPRE. Aproximadamente 40% dos casos respondem à terapia clínica. Em casos refratários, ou com rotura de pseudocistos, opta-se pela conduta cirúrgica.

Comentários finais

Nesse relato, a paciente não possuía histórico prévio de pancreatite, no entanto havia relato de agressão física constante por violência doméstica, motivo pelo qual foi descoberta a existência de um pseudocisto pancreático oito anos antes da formação da fístula pancreatopleural. Assim, sua etiologia traumática e a presença de comunicação através de um trajeto bem delimitado transdiafragmático posterior, com tratamento cirúrgico efetivo, corroboram ainda mais para a peculiaridade do caso.

Palavras-Chave

pâncreas, fístula pancreatopleural, pseudocisto pancreático

Área

Cirurgia - Pâncreas

Autores

MAURICIO CAMPANELLI COSTAS, FELIPE EMANUEL FUHRO, JAQUES WAISBERG, GABRIELA CAMILO TEIXEIRA, GABRIEL LOPES LIMA, ESAU FURINI FERREIRA BASTOS, ALINE ALVES CASTELETTI, EDGARD PORTO DE OLIVEIRA PONTES, ANDRE MARINI MENINI