Dados do Trabalho
Título
Esôfago negro, relato de caso
Apresentação do Caso
Paciente masculino de 70 anos, procurou atendimento com quadro de dor abdominal em hipocôndrio direito e epigástrio, náuseas e vômitos com quatro dias de evolução. Na chegada ao pronto atendimento paciente apresentava vômito em borra de café.
Antecedentes pessoais de doença renal crônica não dialítica, hepatopatia, hipertensão arterial, doença arterial crônica, ex - etilista e ex- tabagista.
Realizado endoscopia digestiva alta (EDA) que demonstrou esôfago médio e distal com comprometimento circunferencial de aspecto necrótico. Anátomo patológico com presença de tampão fibrino - leucocitário e debris celulares entremeadas por grande quantidade de estruturas arredondas e ovaladas consistentes com elementos leveduriformes pequenos.
Devido a gravidade do quadro optou-se por monitorização do paciente em leito de unidade intensiva (UTI). Iniciado terapia de ressuscitação hídrica, inibidor de bomba de prótons e oxacilina devido ao quadro de erisipela. Após estabilização clínica, o paciente recebeu alta de leito de UTI com sonda de jejunostomia já que apresentou vômitos na tentativa de progressão de dieta via oral.
Durante internação em enfermaria foi novamente iniciado dieta liquida conforme aceitação. Paciente recebeu alta, e retornou em ambulatório após dois meses; apresentando estabilidade, aceitando parcialmente dieta via oral.
Após três meses foi realizado nova EDA evidenciando: Esôfago de calibre, distensibilidade e mucosa normal em toda sua extensão. A mucosa do antro gástrico apresenta elevada mucosa irregular, que ocupa parcialmente a pequena curvatura do antro, sendo realizado biópsia.
Discussão
Devido ao quadro multifatorial os pacientes com NE são de difícil manejo clínico, com altos riscos de complicação e evolução a óbito.
Como é uma doença rara, faltam estudos e guidelines para manejo, porém é preconizado jejum na apresentação, uso de inibidor de bomba de prótons endovenoso e evitar passagem de sonda nasogástrica ou nasoenteral.
O paciente do relato foi submetido a jejunostomia, com intuito de reduzir o refluxo gástrico para o esôfago, porém não existe qualquer recomendação oficial.
Comentários finais
A necrose esofágica é uma causa rara de hemorragia digestiva alta, mas deve ser lembrada.
Devido as comorbidades comumente presentes nos pacientes e com complicações graves possíveis, apresenta alta taxa de mortalidade.
O tratamento das comorbidades corrobora para melhor evolução clínica do quadro, mas são necessários mais estudos para elaboração de diretrizes de manejo.
Palavras-Chave
Esôfago negro
Área
Gastroenterologia - Esôfago
Autores
Laura Piassa Freitas, Cynthia Muller Couto, Manuella Filgueiras Figueiredo