XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

ESOFAGITE HERPÉTICA EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE: RELATO DE CASO

Apresentação do Caso

Paciente masculino, 19 anos, vem ao consultório apresentando queixas de epigastralgia e
disfagia para sólidos e líquidos com início há dois dias. Apresentou episódio único de
êmese com vestígios hemáticos. Sem febre.
Estava em uso de azitromicina e prednisona para tratamento de uma faringite.
Após a consulta foi solicitado uma endoscopia digestiva alta, onde foram visualizadas
lesões erosivas coalescentes em todo trajeto esofágico compatível com esofagite herpética.
Coletado biópsias das bordas da lesões.
Anatomo Patológico: Esofagite crônica moderada e erosiva, com presenças de inclusões
nucleares com características de Herpes.

Discussão

Em geral, a infecção esofagiana pelo HSV pode ser consequência de vários eventos: a) por
contaminação pela orofaringe; b) reativação do vírus; c) disseminação para mucosa
esofágica através do nervo vago.
Em pacientes imunocompetentes a infecção é autolimitada. As principais manifestações
clínicas são: disfagia e odinofagia (85%), dor torácica (68%), e febre (44%). Também foram
descritos náuseas e vômitos em 15% dos casos e associações com lesões orais em 29%.
Há também relatos de hemorragia digestiva (5,3%).
Ao exame endoscópico, as lesões esofágicas pelo HVS são localizadas no terço distal
(50%), podendo ser encontradas em outros setores ou eventualmente ser difusas (32%).
Inicialmente apresenta-se como vesículas medindo 1 a 3mm, localizadas principalmente em
terço médio e distal do esôfago, podendo haver descamação com formação de pequenas
úlceras de 1 a 3mm, que podem ser descritas como superficiais ou estelares com fundo
eritematoso, edema ou eritema. Existem também algumas formas especiais com aspecto de
vulcão. Eventualmente são observadas presença de pseudomembranas lembrando
candidíase esofágica. As úlceras herpéticas podem evoluir com estenoses ou fístulas. As
margens das úlceras devem ser biopsiadas ou pode ser realizado um escovado para
citologia.

Comentários finais

A Esofagite herpética é uma alteração rara de ser encontrada em pacientes
imunocompetentes e seu diagnóstico depende de uma endoscopia digestiva alta com coleta
de material para biópsia. O tratamento é realizado com aciclovir e alguns artigos citam
apenas tratamento de suporte por ser uma infecção autolimitada. Então é muito importante
que os endoscopistas tenham conhecimento da mesma, não deixando passar seu
diagnóstico e evitando assim suas possíveis complicações.

Palavras-Chave

Esofagite herpética; disfagia; endoscopia; gastroenterologia; esofagite
infecciosa; herpes

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Nathan Uehara Lira, Leonardo Oba, Clovis Kuwahara, Ricardo Papi, Maria Fernanda Galdino Soares Luchetti, Carina Daniele Fava, Isabelle Silva Kristal, Amanda Luiza do Espirito Santo Pinheiro, Lude Uehara Lira, Enzo Uehara Lira