XX Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Dados do Trabalho


Título

Ressecção endoscópica de tumor primário superficial de esôfago sincrônico em paciente portador de carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço: relato de caso em um hospital público terciário do Distrito Federal

Apresentação do Caso

O carcinoma de células escamosas de vias aerodigestivas superiores é fator de risco para uma segunda neoplasia primária no esôfago, com grande impacto no tratamento e sobrevida, sendo recomendada a realização de endoscopia digestiva alta nessa população. Paciente masculino de 59 anos, pardo, tabagista e ex-etilista, com disfonia há três meses. Realizou videolaringoscopia evidenciando lesão leucoplásica nas pregas vocais (displasia de alto grau), sendo então encaminhado para rastreio de tumor sincrônico. A endoscopia digestiva alta revelou lesão com alterações sutis de relevo e cor da mucosa. As neoplasias precoces de esôfago podem passar despercebidas, pois os pacientes são assintomáticos e as alterações endoscópicas são tênues. O paciente foi submetido à cromoscopia digital e à aplicação de corante de superfície lugol 2% na endoscopia, realçando locais suspeitos. As biópsias evidenciaram áreas de displasia de baixo e alto grau. Para estadiamento foi realizada endoscopia com magnificação, com achados de neoplasia restrita à mucosa, passível de tratamento curativo endoscópico. Em um mês o paciente foi submetido à Ressecção Endoscópica de Submucosa, com envio de peça em bloco para análise anatomopatológica, evidenciando carcinoma de células escamosas intraepitelial com margens livres. Evoluiu com alta em 48 horas e nova endoscopia em 45 dias, evidenciando cicatrização satisfatória, sem estenoses.

Discussão

Em 1966, a solução de lugol foi introduzida para auxílio no diagnóstico endoscópico câncer esofágico precoce, recentemente otimizado com a cromoscopia digital. A avaliação do grau de invasão vertical da neoplasia pode ser estimada por ecoendoscopia ou pela endoscopia com magnificação indicando-se tratamento endoscópico quando a profundidade está restrita ao epitélio e lâmina própria. As técnicas de ressecção (mucosectomia ou Dissecção Endoscópica de Submucosa) permitem a análise histopatológica da lesão neoplásica erradicada, definindo se a terapia endoscópica foi curativa.

Comentários finais

Demonstram-se a viabilidade técnica e a eficácia do uso de Endoscopia digestiva alta associada à cromoscopia no diagnóstico precoce de neoplasia in situ de esôfago, sobretudo quando fator de risco como neoplasia de cabeça e pescoço coexiste. A elevada morbimortalidade da esofagectomia associada ao incremento da detecção da neoplasia em estágio precoce pela endoscopia digestiva alta vem impulsionando o aprimoramento da endoscopia terapêutica, preservando o órgão e a qualidade de vida dos pacientes.

Palavras-Chave

Doenças do Esôfago (identificador DeCS: 5025), Neoplasias Esofágicas (identificador DeCS: 22446), Detecção Precoce de Câncer (identificador DeCS: 53221).

Área

Endoscopia - Endoscopia digestiva alta

Autores

Ana Paula Silva Pereira Lopo, Eduardo Nasser Vilela, Heinrich Bender Kohnert Seidler, Isadora Abrão Silva, Juliana Meneses