Congresso Internacional do GRAACC

Dados do Trabalho


Título

REDUCÃO DO NÍVEL DE PROTEÍNA NO LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO APÓS TRATAMENTO COM BEVACIZUMAB EM PACIENTES COM GLIOMAS DE VIAS ÓPTICAS

Resumo

Introdução: A implantação de válvula é um tratamento comum para hidrocefalia após cirurgia de tumor cerebral. A reoperação devido ao mau funcionamento da mesma ocorre em 51,8%-78,6% dos pacientes no primeiro ano pós implantação, sendo a oclusão responsável por uma grande proporção (até 66%) das falhas do tratamento. Alta concentração de leucócitos e proteínas no LCR são fatores de risco para a oclusão da válvula. Os Gliomas de Vias Ópticas (GVO) podem causar concentrações elevadas de proteínas no líquido cefalorraquidiano (LCR). O tratamento com bevacizumabe foi associado a uma diminuição no nível de proteína do LCR, permitindo uma colocação bem sucedida da derivação ventrículo peritoneal (DVP). Nossos resultados são consistentes com o mecanismo farmacológico do bevacizumabe, que atua como imunomodulador, inibidor do fator de crescimento endotelial (VEGF) e diminui o vazamento de proteínas dos vasos sanguíneos para os ventrículos. Recentemente, este quimioterápico tem sido usado para melhorar a visão em crianças com GVO, e relatos de casos sugerem sua eficácia para diminuir a concentração de proteína do LCR no contexto da necrose por radiação. Métodos: Relatamos dois pacientes com gliomas de baixo grau supra selar e altos níveis de proteína no LCR (590mg/dl e 551 mg/dl) que impediram a implantação de válvula. Após duas e três doses de bevacizumabe, respectivamente, os níveis caíram drasticamente (para 191mg/dl e 178 mg/dl). Resultados: O tratamento com bevacizumabe provavelmente ajudou a diminuir a proteína liquórica nessas crianças com GVO. A capacidade do fármaco para reduzir os níveis de proteína e facilitar a colocação de DVP foi descrita pela primeira vez em um caso adulto com hidrocefalia causada por radionecrose para o tratamento de astrocitoma anaplásico. Nosso estudo agora descreveu o tratamento com bevacizumabe em crianças com gliomas de baixo grau com hidrocefalia e altos níveis de proteínas no LCR com o objetivo de reduzir os níveis destas proteínas. Conclusão: Este é o primeiro relato que descreve mudanças significativas no nível de proteínas liquóricas após a terapia por bevacizumabe em crianças com GVO. Outros estudos são necessários para confirmar o efeito e determinar a dosagem ideal do quimioterápico para diminuir os níveis de proteína do LCR e avaliar a duração desse efeito.

Área

Neuro-oncologia

Autores

Marcos Devanir da Costa, Rodrigo Akira Watanabe, Carolina Torres Soares, Natalia Dassi, Patricia Alessandra Dastoli, Jardel Mendonça Nicácio, Andrea Maria Cappellano, Nasjla Saba Silva, Sergio Cavalheiro