Dados do Trabalho

Título

A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO ACOMPANHAMENTO A UMA PACIENTE INDÍGENA COM CÂNCER: ESTUDO DE CASO

Resumo

Apresentação do caso: Paciente feminina, 12 anos, indígena, diagnóstico em 2011, aos 02 anos, de rabdomiossarcoma alveolar parameníngeo em face à direita. Tratamento com quimioterapia e radioterapia finalizado em 2012. Indicação de transplante cardíaco em 2013 por cardiopatia adquirida grave, descartado após considerar contexto social em avaliação multiprofissional. Em 2021, segunda neoplasia, osteosarcoma em mandíbula e assoalho da boca, indicação de quimioterapia e procedimento cirúrgico: mandibulectomia total com reconstrução plástica, colocação de placa de titânio e enxertia óssea. Principais demandas sociais: avaliar a compreensão quanto a complexidade do procedimento indicado e identificar a organização familiar para o cuidado, considerando as barreiras linguísticas/culturais e de acesso aos recursos sociais e de saúde visando a adesão. Discussão: Paciente procedente de aldeia distante 430Km do Hospital de Referência, situação habitacional precária e insalubre. Mãe falecida por doença oncológica, pai desconhecido, reside com os tios e primos menores de idade. Tios se comunicam em Kaingang, necessidade de intérprete. Contexto de vulnerabilidade econômica, renda oriunda do artesanato. Articulação com a Secretaria de Saúde Indígena e com os serviços da rede assistencial e de saúde do território visando atendimento das necessidades básicas. No decorrer do tratamento, mudança de foco, privilegiando o acolhimento dos desejos da paciente e família, qualidade de vida e medidas de conforto. Vinculação ao acompanhamento psicológico na aldeia e aos serviços de saúde do território sem romper a relação com a equipe do Hospital de Referência, conforme pedido da paciente. Realização de teleatendimento pelo serviço social para acompanhamento do caso. Comentários Finais: O tratamento oncológico pediátrico requer acompanhamento com equipe multidisciplinar. No que tange à população indígena, acirram-se os desafios, visto o cenário de retração das políticas públicas, barreiras linguísticas, culturais e de acesso aos bens e serviços. No trabalho com a equipe, o serviço social propicia espaços de escuta e diálogo que assegurem a autonomia, inclusão, respeito à cultura, crenças e costumes indígenas, de modo que o conhecimento técnico científico não seja hegemônico na tomada de decisões. O caso permite visualizar a importância do trabalho multidisciplinar junto à paciente com as articulações realizadas em âmbito hospitalar, comunitário, social e político.

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