Dados do Trabalho

Título

CARACTERIZAÇÃO DOS PACIENTES PORTADORES DE NEUROBLASTOMA SUBMETIDOS A TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE CÉLULAS HEMATOPOIÉTICAS NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA PEDIÁTRICA DE UM HOSPITAL DE REFERÊNCIA

Resumo

Introdução: Neuroblastoma (NBL) é um tumor maligno originado de células derivadas embriologicamente da crista neural, a quarta neoplasia mais frequente e o tumor sólido extra-sistema nervoso central mais comum na infância. O tratamento do NBL de alto risco inclui doses mieloablativas de quimioterapia utilizando Bussulfano e Melfalano, ou Melfalano, Etoposide e Carboplatina, seguida da infusão de células tronco hematopoiéticas (TCTH) do próprio paciente. Objetivo: Conhecer os dados epidemiológicos dos pacientes portadores de NBL de alto risco submetidos a TCTH autólogo em um hospital de referência, incluindo a sobrevida e complicações. Método: Revisão dos prontuários dos pacientes portadores de NBL com idade <18 anos na data do TCTH realizado entre 2004 e 2021 em um hospital terciário do Rio Grande do Sul. As variáveis coletadas foram registradas em banco de dados no Google Planilhas; a análise descritiva pelo software livre JASP e a análise de sobrevida com o software livre JAMOVI. Resultados: Foram transplantados 89 pacientes com idade média de 41 meses, sendo 64% do sexo masculino. A mediana de transfusões de plaquetas e de concentrado de hemácias foi 4 e 1, respectivamente. O tempo médio entre a infusão das células tronco e a enxertia de neutrófilos foi de 19,1 dias (sustentados >1.000x10³/uL sem uso de Filgrastima) e 21,3 dias para as plaquetas (sustentadas >20.000x10³/uL sem transfusões nos 7 dias precedentes). As complicações mais graves foram necessidade de diálise (1 paciente), ventilação mecânica (3) e aplasia de medula óssea (1). A sobrevida geral em 5 anos foi de 50%. Em dezembro de 2021, o status clínico dos 85 pacientes avaliáveis eram 35% em remissão completa, 10% com doença recaída e 55% dos pacientes apresentaram óbito. Em relação aos desfechos, ocorreram 6 óbitos, sendo 1 durante a infusão das células, em que o paciente apresentou anafilaxia possivelmente determinada pelo DMSO. Conclusão: A taxa de sobrevida observada para os nossos pacientes portadores NBL de alto risco submetidos a TCTH se aproxima dos dados de grupos internacionais (30-50%). Esses resultados refletem o manejo de qualidade para esta patologia agressiva e complexa com altas taxas de recorrência e mortalidade, que só foi possível com o envolvimento da equipe multidisciplinar em uma instituição de alta complexidade. A incorporação de novas modalidades, incluindo anticorpos monoclonais que reconhecidamente está associada a resultados mais satisfatórios, mas ainda não está disponível em nossa instituição.