Congresso Internacional do GRAACC

Dados do Trabalho


Título

Desafios da terapia nutricional em paciente oncológico com transtorno do espectro autista: relato de caso

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO
Paciente de sexo masculino, 8 anos, com diagnóstico prévio de transtorno do espectro autista (TEA) foi diagnosticado em jan/2022 com leucemia linfoide aguda-pré B (LLA-pré B) e iniciado tratamento com protocolo RELLA-2005.
Previamente à internação apresentava hábitos alimentares pouco saudáveis e aceitação pontual de alimentos ultraprocessados. Durante a internação manteve seletividade alimentar importante, não aceitando nenhum tipo de fruta, vegetal ou proteína de origem animal. Foram-lhe prescritos suplementos hipercalóricos e hiperproteicos com baixa aceitação e somente quando misturados com açaí. Assim, o balanço nutricional manteve-se negativo durante os últimos 7 meses de tratamento. Houve tentativa de passagem de cateter nasoentérico (CNE) para nutrição enteral, mas o mesmo não tolerou. Em conjunto com equipe interdisciplinar, em junho/22, optou-se por iniciar Nutrição Parenteral (NP). Paciente evoluiu com melhora da anasarca, hipovitaminoses e distúrbios hidroeletrolíticos. Entretanto, o jejum prolongado e a NP podem cursar com complicações metabólicas ou nutricionais (como colestase, decréscimo da massa óssea e retardo no crescimento infantil), além de proporcionar maior risco de complicações pelo uso do acesso. Objetivando a alta hospitalar e melhora na qualidade de vida do paciente, foi indicada realização de gastrostomia.
DISCUSSÃO
Diante do diagnóstico de neoplasia, a manutenção de estado nutricional adequado é importante para tolerar o tratamento e apoiar o crescimento e desenvolvimento das crianças. Estudos mostram que pacientes com LLA desnutridos ao diagnóstico, têm menor sobrevida. Entretanto, quando o estado nutricional é corrigido durante o tratamento, a sobrevida se iguala a de pacientes bem nutridos, mostrando que o estado nutricional é fator de risco modificável para essas crianças. Portanto, o desafio frente ao paciente autista com seletividade grave diagnosticado com neoplasia é enorme. O uso de NP, dispositivos como CNE e a introdução de suplementos precisam ser avaliados individualmente.
COMENTÁRIOS FINAIS
Desafios associados à seletividade, às diversas intercorrências durante o tratamento oncológico, o uso de CNE, nutrição parenteral ou até mesmo a realização gastrostomia são opções que precisam ser discutidas interdisciplinarmente e com a família, a fim de garantir aos pacientes aporte nutricional adequado e consequentemente menores taxas de infecção, tempo de internação e morbi-mortalidade.

Área

Nutrição

Autores

Yohanna Bastani Mattos, Maria Isabel Toulson Davisson Correia, Ana Clara Mendonça de Faria Pedrosa