Congresso Internacional do GRAACC

Dados do Trabalho


Título

Tumor miofibroblástico peribrônquico congênito: relato de caso

Resumo

APRESENTAÇÃO DO CASO
Trata-se de recém-nascida a termo (39s), sem intercorrências perinatais. Evoluiu no 9º dia de vida com dispneia. Radiografia de tórax mostrou alargamento de mediastino. Encaminhada ao HC-UFMG para monitorização e extensão da propedêutica.
Ressonância magnética demonstrou lesão peri-hilar pulmonar esquerda (62x56x40mm), heterogênea, hiperintensa em T2 e hipointensa em T1 com realce pelo contraste e restrição à difusão, com envolvimento pleuroparenquimatoso e estreitamento das vias aéreas principais e artéria pulmonar, em contato com a borda cardíaca posterolateral, arco e aorta descendente, além de esôfago. Biópsia foi inicialmente inconclusiva.
Com 1 mês de vida mantinha taquidispeneia leve. Encaminhada à cirurgia para ressecção da lesão. Toracotomia esquerda identificou volumosa massa friável e vascularizada ocupando todo o lobo superior, aderida à pleura e ao lobo inferior. Havia aderências firmes às estruturas do mediastino posterior e ao pericárdio, sem plano de clivagem. Durante tentativa de ressecção parcial, intercorre com hemorragia em topografia da artéria pulmonar. Óbito intraoperatório.
À análise da peça cirúrgica foi observada neoplasia mesenquimal de distribuição peribrônquica e invasão de parênquima. Células fusiformes, com núcleos monomórficos e nucléolos inconspícuos formam feixes e arranjos estoriformes, com vasos sanguíneos congestos. Frequentes figuras de mitose e focos de hemorragia. Imunoistoquímica com positividade para CD99, CD56, Actina, AE1/AE3; e sinal fraco para β-catenina, desmina, S100, WT1, CD34. Ki67 de 30%. A conclusão diagnóstica foi de tumor miofibroblástico peribrônquico congênito (TMPBC).
DISCUSSÃO
Em revisão de Jedrzkiewicz, 2015, apenas 23 casos de TMPBC foram encontrados na literatura. O quadro clínico apresenta-se usualmente com hidropisia não imune, polidrâmnio e ruptura prematura da membrana amniótica. A neoplasia é definida pelos seguintes critérios da OMS (2021): fascículos intercruzados de células fusiformes uniformes mitoticamente ativas; crescimento peribrônquico; proliferação de cartilagem peribrônquica. É considerado um tumor benigno, com relatos de ressecções bem sucedidas sem metástases ou recorrências. A mortalidade é alta (> 50%) devido ao efeito compressivo do tumor, hemorragia intraoperatória e disfunção respiratória.
COMENTÁRIOS FINAIS
É necessária maior compreensão dessa entidade para avaliação de novas modalidades de tratamento visando a redução da mortalidade intra-operatória.

Área

Tumores sólidos

Autores

Kevin Augusto Farias de Alvarenga, Carolina Antunes de Siqueira Santana, Jésus Faria Faria Rosa Júnior, Bruna Salgado Rabelo, Daniela Cristina Reis Araújo, Karine Corrêa Fonseca, Nonato Mendonça Lott Monteiro, Eduardo Ribeiro Lima