Dados do Trabalho
Título
Tumores ginecológicos na infância: relato de caso de adenocarcinoma de células claras de colo uterino em criança de 10 anos
Resumo
APRESENTAÇÃO DO CASO: Trata-se de criança do sexo feminino, 10 anos, com história de episódios de sangramento vaginal iniciados aos 8 anos de idade, intermitentes e irregulares, sem outros sinais ou sintomas associados. Inicialmente, paciente conduzida pela endocrinologia pediátrica como menarca precoce. Após aumento do volume do sangramento, paciente encaminhada ao Hospital das Clínicas da UFMG, sendo realizada investigação diagnóstica com marcadores tumorais (como LDH, BHCG, CA125) negativos, e realização de ressonância magnética, a qual demonstrou extensa tumoração em região vaginal superior, incluindo colo uterino, sem invasão de estruturas vizinhas. Estadiamento com tomografia de tórax e cintilografia óssea sem metástases a distância detectáveis. Diante de tais achados, inicialmente fora levantada a hipótese diagnóstica de rabdomiossarcoma de vagina, considerando ser um dos diagnósticos mais prevalentes para tal topografia. Paciente submetida a biópsia incisional da massa, com resultado anatomopatológico de adenocarcinoma de células claras de colo uterino. Até o momento, optado por transposição ovariana para cavidade abdominal, com finalidade de preservação de função hormonal, e planejamento cirúrgico com excisão de tumoração. Posteriormente, caso haja margem cirúrgica comprometida, paciente será submetida a radioterapia.
DISCUSSÃO: Tumores ginecológicos são raros em crianças, e representam menos de 5% das neoplasias infantis. A principal manifestação clínica inicial, considerando a topografia de colo uterino e vagina, é o sangramento vaginal anormal, muitas vezes diagnosticado erroneamente como menarca, ou ciclo anovulatório. A ausência de atividade sexual nesta idade, e o receio da equipe médica assistente pela realização de exame ginecológico correto nessas pacientes leva a um diagnóstico por muitas vezes tardio. Do ponto de vista anatomopatológico, diagnósticos como rabdomiossarcoma embrionário do tipo botrióide e tumores de células germinativas devem ser considerados, além de adenocarcinoma de células claras, entidade mais raramente encontrada, e por isso sem consenso estabelecido quanto ao seu tratamento.
COMENTÁRIOS FINAIS: Sangramento vaginal anormal em crianças deve ser prontamente investigado com exame físico adequado e realização de imagem. Pacientes com achados sugestivos de malignidade devem ser transferidos a centros terciários, e conduzidos por equipe multidisciplinar apropriada.
Área
Tumores sólidos
Autores
Carolina Antunes de Siqueira Santana, Daniela Cristina Reis Araujo, Kevin Augusto Farias de Alvarenga, Karine Corrêa Fonseca, Nonato Mendonça Lott Monteiro, Eduardo Ribeiro Lima