Congresso Internacional do GRAACC

Dados do Trabalho


Título

O impacto do desenvolvimento de novas morbidades durante o tratamento em UTI oncológica no tempo e qualidade de vida dos sobreviventes

Resumo

Introdução: Com o desenvolvimento de novas terapias e suporte de vida intensivo, a mortalidade do paciente pediátrico oncológico diminuiu ao longo do tempo, mas a morbidade após uma internação em UTI é uma medida de qualidade da assistência ainda pouco estudada.
Objetivos: Investigar as alterações funcionais na alta hospitalar dos sobreviventes à internação na UTI, os riscos para o desenvolvimento de nova morbidade, e o impacto da nova morbidade na sobrevivência após a UTI.
Métodos: Aplicação retrospectiva da escala FSS (Functional Status Scale) na admissão à UTIP e na alta hospitalar para os sobreviventes. A FSS possui 6 domínios (estado mental, sensorial, comunicação, alimentar, motor e respiratório). Regressão logística e as regressões de Cox e Weibull foram usadas para análise de risco e sobrevivência. Uma nova morbidade foi definida como o aumento de 3 pontos na FSS entre a admissão e alta.
Resultados: Coorte de 1002 pacientes, admitidos na UTI no período de 10/05/2014 até 26/05/2019. Houve 128 óbitos na internação hospitalar (12,7%). 855 pacientes sobreviventes foram incluídos nas regressões. Até 06/2020, 194 (22,6%) destes pacientes haviam falecido, em uma mediana de 269 dias. Nas médias da admissão e da alta hospitalar, houve piora nos domínios motor, alimentação e global (P <0,05). Quarenta e cinco (5,26%) dos 855 sobreviventes apresentaram uma nova morbidade (FSS > 3). Os fatores de risco independentes em regressão múltipla para nova morbidade
foram: insuficiência respiratória aguda com necessidade de ventilação (Odds Ratio 2,91, P = 0,01); pós-operatório de tumor de sistema nervoso (OR 3,48, P <0,001); escore PRISM 4 (OR 1,09, P = 0,01); idade menor que 5 anos (OR 2,69, P =0,002). Pacientes com nova morbidade tiveram menor probabilidade de sobrevivência na curva de Kaplan Meier (P = 0,014 no teste logrank), e a nova morbidade foi um fator independente de óbito por qualquer causa no período de tempo analisado após a internação: a Hazard Ratio (Cox) da nova morbidade foi 1,98 (P = 0,009), sendo independentes também a recidiva do câncer (HR 2,46, P <0,001), e a desnutrição (escore z do IMC < -2, HR 2,2, P <0,001). Na regressão múltipla de Weibull, observamos que a presença de nova morbidade esteve associada independentemente a uma redução no tempo de vida de 14,2%.
Conclusões: Novas morbidades adquiridas na UTI impactam no tempo e na qualidade de vida dos sobreviventes, e reduzi-las deve ser também um objetivo do cuidado intensivo.




















Área

Reabilitação

Autores

Gabriela Maria Virgílio Dias Santos, Orlei Ribeiro Araujo, Dafne Cardoso Bourguignon Silva, Rosa Massa Kikuchi, Eliana Maria Monteiro Caran