Congresso Internacional do GRAACC

Dados do Trabalho


Título

Câncer infantil na população indígena pediátrica: o impacto do diagnóstico tardio.

Resumo

O câncer é uma das principais causas de morte na América Latina, e para a população indígena desta região os dados referentes ao diagnóstico, tratamento e óbito por câncer ainda são escassos. A oncopediatria apresentou grandes avanços nas últimas décadas, com redução significativa da morbimortalidade. Apesar disso, evidências apontam taxas de óbitos mais elevadas na população indígena e acredita-se que tal resultado reflete o estágio avançado do câncer no momento do diagnóstico. Estudo transversal descritivo realizado no Instituto de Oncologia Pediátrica da Universidade Federal de São Paulo em conjunto com a Casa de Apoio à Saúde do Índio. Incluída população indígenas da instituição, com diagnóstico de câncer, faixa etária de 0-19 anos. Resultados demonstraram que as crianças indígenas encaminhadas ao nosso serviço encontram-se na faixa etária de 2-4 anos (35,7%) e maioria do sexo masculino (71,4%). Em relação a etnia, são heterogêneas, com distribuições geográficas distintas, como Mato Grosso (35,7%), Roraima (28,5%) e Amazonas (21,4%). Os tumores encaminhados com maior frequência, são retinoblastoma (RB), representando 50% dos casos, seguido dos tumores de sistema nervoso central (21,4%). Dos setes pacientes com RB, seis apresentava-se com doença extra-ocular ao diagnóstico (85,7%) e quatro evoluíram a óbito por progressão de doença (57,1%). O tempo médio do surgimento dos primeiros sintomas até o início do tratamento foi de 28 meses. A média de idade dos pacientes foi de 4,1 anos, discordando com a literatura, onde 80% dos casos são diagnosticados em média aos 24 meses. Apesar da baixa disponibilidade de dados de prevalência de câncer em nessa população, as estimativas indicam que a incidência da doença vem aumentando e piores desfechos são observados quando comparadas com populações não indígenas do mesmo país. Quanto mais tardio o diagnostico, pior o prognóstico; como visto em nossa população, em que a média de tempo de queixa foi de 14,5 meses, e o atraso no diagnóstico (tempo de queixa maior que 6 meses) foi fator prognóstico de pior sobrevida. Os povos indígenas vêm lutando cada vez mais pela igualdade na saúde e se faz necessária a otimização dos serviços básicos de saúde locais e a incorporação de pessoal qualificado, culturalmente competente e sensível às crenças e necessidades dos povos indígenas, para ajudar a contornar as discrepâncias desde prevenção ao tratamento do câncer.

Área

Epidemiologia

Autores

Bárbara Pinto Nasr, Marcos Schaper, Eliana Caran, Flavio Luisi, Ana Virginia Lopes, Carla Macedo, Andrea Maria Cappellano, Carlota Moraes, Monica Cypriano, Nasjla Saba