Congresso Internacional do GRAACC

Dados do Trabalho


Título

Análise da evolução do índice de massa corpórea de sobreviventes de câncer infantojuvenil

Resumo

Introdução: Os sobreviventes de câncer infanto-juvenil (SCIs) podem desenvolver diversos efeitos tardios em decorrência da terapia que recebem. Dentre eles, o sobrepeso e a obesidade vêm se destacando como importante complicação, associados a fatores de risco como radioterapia de crânio e uso de corticoides.
Objetivos: Avaliar a prevalência de sobrepeso e obesidade, e analisar a evolução dos Zscores do índice de massa corpórea (IMC) de SCIs em 3 momentos: ao diagnóstico, ao término do tratamento e na avaliação mais recente, em um centro de oncologia pediátrica.
Métodos: estudo de coorte retrospectiva com SCIs seguidos no período de 2002 a 2017, que receberam quimioterapia e/ou radioterapia. Foram coletados dados clínicos e antropométricos, realizada estatística descritiva e testes de hipóteses. Z-scores do IMC dos indivíduos foram comparados entre 3 momentos: ao diagnóstico, ao término do tratamento e na avaliação mais recente.
Resultados: foram incluídos 245 pacientes, com mediana de idade ao diagnóstico 7 anos, e ao recrutamento 16 anos, e mediana do tempo de seguimento foi 8,5 anos. Os diagnósticos mais frequentes foram: leucemia linfoblástica aguda, tumores de sistema nervoso central (SNC) e linfomas. 42,8% dos indivíduos receberam somente quimioterapia, e 33% radioterapia, sendo o crânio o sítio irradiado com mais frequência. As prevalências de sobrepeso e obesidade nos momentos: ao diagnóstico, ao término do tratamento e na avaliação mais recente foram, respectivamente: 13,4% e 9,4%; 22,4% e 14,6%; e 24,4% e 12,2%. O excesso de peso foi mais frequente entre os portadores de tumores de SNC, sarcoma de Ewing e leucemia mieloide aguda. A média dos Zscores de IMC ao diagnóstico foi 0,11 (desvio-padrão = 1,56), após o tratamento foi 0,64 (desvio-padrão = 1,35) e na última avaliação 0,48 (desvio-padrão = 1,36), com p<0,01, evidenciando a tendência de aumento do IMC dos participantes, que se mostrou mais importante nas faixas etárias de 5-9 e 10-19 anos. Dentre os pacientes eutróficos ao diagnóstico, 27,4% evoluíram com excesso de peso na avaliação mais recente (p<0,01), e dentre aqueles com excesso de peso ao diagnóstico, 69% permaneceram nessa classificação na avaliação atual (p<0,01).
Conclusão: nossos resultados corroboram dados da literatura sobre obesidade em SCIs. São necessários estudos adicionais sobre o tema no Brasil.

Área

Efeitos tardios

Autores

RACHEL SAMHAN MARTINS, MARISTELLA BERGAMO FRANCISCO DOS REIS, JOSE EDUARDO BERNARDES, CARLOS ALBERTO SCRIDELI