Dados do Trabalho
Título
Hipofracionamento no tratamento do câncer de próstata no Brasil
Introdução
Durante a pandemia do COVID-19, estimulou-se a utilização do hipofracionamento (HFx) com o objetivo de diminuir o número de visitas ao hospital e minimizar o risco de infecção.
Objetivo
Avaliar as indicações de HFx no tratamento do câncer do próstata (CaP) localizado baseado em dois questionários, um realizado antes (2018) e outro durante o COVID-19 (2020), e comparar as possíveis mudanças na prática impostas pela pandemia.
Método
Em preparação para o congresso de 2018, um questionário foi enviado para membros da SBRT. Durante a pandemia, o mesmo questionário, com algumas alterações e foi reenviado para o mesmo grupo de pessoas. Utilizando a plataforma Google Forms, os participantes responderam perguntas considerando aspectos técnicos e de indicação do tratamento. Os resultados foram avaliados utilizando métodos de estatística descritiva.
Resultados
O total de questionários respondidos em 2018 e 2021 foi de 136 e 173, respectivamente. No 1° questionário, 39% dos participantes indicaram tratar CaP com o HFx, enquanto no 2° este número subiu para 69%. O esquema de 60Gy em 20 frações foi indicada como o mais utilizada em ambos os questionários: 72,2% em 2018 e 77,5% em 2020; no ultra-HFx a dose de 36.25Gy em 5 frações é a mais comum. O uso de IGRT diário foi visto em 61% em 2018 e 71.6% em 2020, enquanto o uso da tecnologia de IMRT se manteve na mesma proporção nos 2 períodos (92.5%). Entre os 51 participantes que iniciaram o HFx no último ano antes do 2º questionário, apenas 3 deles justificaram a mudança na sua prática pela pandemia do COVID-19. Um total de 66 radio-oncologistas respondeu ambos os questionários, e 21 (30%) deles passaram a utilizar o HFx; 3 deles com ulta-HFx. As principais razões da mudança foram o amadurecimento das experiências/evidências clínicas e aquisição de novos equipamentos. Essa mudança na prática ocorreu principalmente em serviços privados/convênios (45%) ou mistos (40%), enquanto entre somente 15% dos participantes de serviços públicos relataram a mudança. A pandemia do COVID-19 não foi usada como justificativa entre nenhum desses casos.
Conclusão
O uso do HFx no tratamento do CaP no Brasil aumentou entre 2018 e 2020, porém por motivos diferentes dos impostos pela pandemia COVID-19. A maioria dos serviços onde o HFx é oferecido são privados/convênios, enquanto o impasse tecnológico impede que pacientes do sistema público de saúde se beneficiem de tratamentos mais curtos.
Palavras-chave
hipofracionamento - câncer de próstata - pandemia COVID-19
Área
Radioterapia
Autores
RIE NADIA ASSO, HORACIO PATROCINIO, MARCOS SIMOES CASTILHO, ARTHUR ACCIOLY ROSA, JOAO LUIS FERNANDES DA SILVA, FABIO LUIS CURY