XXIII Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia

Dados do Trabalho


Título

Atualização da mudança no perfil de pacientes atendidos em um serviço de radioterapia durante a pandemia por COVID-19

Introdução

Prestar os devidos cuidados ao paciente oncológico no contexto da pandemia tem sido desafiador, não somente pelo risco ao qual os pacientes estão sujeitos, como também pela limitação de recursos, realocação de profissionais e redução de procedimentos e exames eletivos, que corrobora com o menor rastreio da doença oncológica e diagnósticos mais tardios. Um estudo argentino relatou redução de 16% nos tratamentos quimio e radioterápicos no mês de abril de 2020. Em oncologia, algumas ocorrências clínicas são consideradas urgências, pois há risco de morte ou perda funcional, sendo a radioterapia a principal alternativa no manejo, como por exemplo na síndrome de compressão medular, metástases no sistema nervoso central e da síndrome de compressão da veia cava superior. Tendo em vista toda essa mudança de rotina dos atendimentos da rede pública de saúde, analisamos a mudança de perfil do paciente atendido dentro de uma unidade de radioterapia, elo final da cadeia de atendimento.

Objetivo

Avaliar a mudança do perfil de pacientes atendidos em um serviço de radioterapia após o início da pandemia pela COVID-19.

Método

Foi realizado um estudo observacional com análise retrospectiva dos atendimentos de urgências radioterápicas em um centro oncológico do sul do país no período de 15 de abril a 15 julho dos anos de 2019, 2020 e 2021.

Resultados

Em 2019, entre abril e julho, foram atendidos 37 pacientes com metástases ósseas, 10 com compressão medular, 21 com metástases em sistema nervoso central com indicação de radioterapia em crânio total, e 1 com síndrome de veia cava. Em 2020, no mesmo período, foram atendidos 46 com metástases ósseas, 12 com compressão medular, 21 com metástases em sistema nervoso central e 4 com síndrome de veia cava. Já em 2021 foram tratados 61 pacientes com metástases ósseas, 20 em compressão medular, 25 com metástases em sistema nervoso central e 8 em síndrome de veia cava. A análise comparativa entre os anos mostrou um aumento de 65,21% do número de urgências radioterápicas de 2019 para 2021 e 35,71% de 2020 para 2021.

Conclusão

O adiamento do tratamento oncológico por variados motivos, desde o isolamento à dificuldade de acesso a diagnóstico precoce, pode estar relacionado ao aumento do número de casos graves atendidos em situação de urgência oncológica. A pandemia apresenta-nos desafios únicos obrigando-nos a ajustar a rotina à nova realidade diariamente, e as reais consequências disso posteriormente terão de ser avaliadas.

Palavras-chave

oncologia na pandemia, urgências radioterápicas, radioterapia e COVID-19

Área

XXII Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia

Autores

MAÍRA RODRIGUES NEVES, GUSTAVO HENRIQUE SMANIOTTO, TALITA QUEIROZ SCARPARI, CAROLINE BOSCHETTO BATISTA, MARIA LUIZA FERREIRA RODRIGUES, LEONARDO MIRANDA