Dados do Trabalho
Título
TUMORES PRIMÁRIOS SINCRÔNICOS EM RETO, PRÓSTATA E BEXIGA – RELATO DE CASO
Apresentação do caso
Homem, 82 anos, ex-tabagista, portador de doença arterial coronariana, hipertensão arterial, diabetes mellitus e hipotireoidismo. Encaminhado por quadro de diarreia crônica e hematoquezia há 7 meses. Em investigação inicial, com colonoscopia e ressonância pélvica, foram identificados lesão em reto proximal, lesão vegetante em assoalho vesical e aumento de volume prostático, cujas biópsias revelaram adenocarcinoma de reto e próstata; e a posteriori, submetido a ressecção transuretral de bexiga com evidencia de carcinoma urotelial papilífero de baixo grau. Realizou cintilografia óssea e tomografias de estadiamento sem evidência de metástases. Paciente configura três tumores sincrônicos: adenocarcinoma de próstata de alto risco (ISUP 2 e PSA inicial de 23,4 ng/ml) EC IIIA, carcinoma urotelial de bexiga baixo grau EC I e adenocarcinoma de reto baixo EC III. Proposto hormonioterapia com goserelina trimestral e radioterapia com intenção remissiva sobre próstata e bexiga, combinada a neoadjuvância com 5 -FU em tumor de reto. Recebeu radioterapia com fracionamento convencional, técnica IMRT, 46Gy em pelve, 54Gy em região de reto, mesorreto e linfonodos suspeitos, 60Gy em bexiga e 74Gy em próstata. Concluiu quimioterapia neoadjuvante em fevereiro de 2021 e 6 meses de hormonioterapia até maio de 2021. Evoluiu com boa tolerância durante tratamento e baixa toxicidade após. Apresentou resposta clínica e radiológica completas em reto, sendo proposto “watch and wait”. Último PSA total de junho de 2021 de 0,013 ng/ml. Atualmente paciente em segmento dos três tumores sincrônicos tratados, referindo bem estar, sem dor ou alterações intestinais e urinárias.
Discussão
Neoplasias sincrônicas são raras e seu diagnóstico e tratamento desafiadores. Sendo os cânceres sincrônicos triplos ainda mais raros com prevalência de 0,5%. São ditos sincrônicos quando distintos histologicamente entre si, acometendo órgãos diferentes, onde uma lesão não é metástase da outra, surgindo simultaneamente ou com intervalo inferior a seis meses. Estão relacionados a síndromes genéticas e à exposição prolongada a carcinógenos ambientais. O câncer de bexiga sincrônico com o de próstata podem ainda ser explicados pela origem embriológica comum, mas sem relação com os tumores de reto.
Comentários Finais
Este relato tem relevância por descrever tumores sincrônicos de próstata, bexiga e reto e, até o momento, não foi encontrado na literatura brasileira caso semelhante com evolução e resposta bem sucedidas ao manejo terapêutico.
Palavras-chave
IMRT pélvica, cânceres sincrônicos triplos
Área
XXII Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia
Autores
CAROLINE BOSCHETTO BATISTA, TALITA QUEIROZ SCARPARI, MARIA LUÍZA FERREIRA RODRIGUES, MAÍRA RODRIGUES NEVES