XXIII Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia

Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO DE CARCINOMA ESPINOCELULAR RECIDIVADO EM URETRA COM BRAQUITERAPIA – UM RELATO DE CASO

Apresentação do caso

Feminino, 57 anos, portadora de HIV, em setembro de 2019 foi avaliada pelo serviço de urologia oncológica devido lesão em uretra distal, obstruindo lúmen e de íntimo contato com a parede vaginal anterior. Anatomopatológico evidenciou carcinoma de células escamosas moderadamente diferenciado. Em dezembro de 2019 foi submetida a uretrectomia parcial sendo ressecada completamente a lesão de 11 mm. Em março de 2020 apresentou nova lesão de 10 mm em óstio uretral, sendo confirmada recidiva pela biópsia. Realizada cistoscopia que identificou lesão com extensão até a inserção da uretra na bexiga. Exames de estadiamento sem acometimento linfático. Após discussão multidisciplinar, optou-se por tratamento com quimiorradioterapia. Realizou Cisplatina semanal e radioterapia pélvica 3D com dose final de 45 Gy em 25 frações, seguido de boost com braquiterapia de alta taxa de dose, 2D, em região tumoral em uretra. O planejamento da braquiterapia foi realizado com auxílio da ressonância pélvica, e foram realizadas três aplicações de 500 cGy à 05 mm da parede do aplicador englobando toda extensão da uretra. O aplicador utilizado foi de braquiterapia para nasofaringe revestido por sonda Foley. Apresentou episódio de hematúria e retenção urinária aguda após última aplicação com resolução após sondagem vesical e ciclo de corticoide. Em novembro de 2020 estava assintomática e sem sinais de doença ao exame clínico e ressonância pélvica. Em dezembro de 2020 foi a óbito após septicemia associada à infecção respiratória.

Discussão

Carcinomas uretrais primários são tumores raros, agressivos, que representam menos de 1% de todas as malignidades geniturinárias. O manejo e o prognóstico dependem do sexo, localização do tumor dentro da uretra e extensão da doença. O tratamento desses tumores tem se modificado nos últimos anos visando prevenir morbidade pós operatória, porém a recorrência permanece um tópico problemático. A quimiorradioterapia é uma modalidade preservadora de órgãos e da função urinária com boa resposta documentada pela literatura.

Comentários Finais

O carcinoma espinocelular em uretra é uma entidade rara e agressiva. Terapias combinadas têm benefício sobre tumores localmente avançados. Neste caso, a braquiterapia foi aplicada de forma não convencional visto a ausência de aplicador específico para a topografia do tumor. O método foi bem tolerado e obteve resposta ótima, sem toxicidade relevante e sem evidência de doença residual na avaliação clínica e por imagem após o tratamento.

Palavras-chave

CEC de uretra, boost com HDR, braquiterapia 2D

Área

XXII Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia

Autores

ÉDER BABYGTON ALVES, GUSTAVO HENRIQUE SMANIOTTO, TALITA QUEIROZ SCARPARI, CAROLINE BOSCHETTO BATISTA, FABIO FERNANDO BRUNING, MARIA LUIZA FERREIRA RODRIGUES