Dados do Trabalho

Título

A eficácia da radioterapia de resgate precoce pós recidiva bioquímica em um centro de referência em uro-oncologia no SUS.

Resumo

Introdução: A recidiva bioquímica (RBQ) é comum em pacientes submetidos a prostatectomia radical por câncer de próstata, com incidência estimada entre 27-50%. O tratamento mais estabelecido nestes casos é a radioterapia (RT) de resgate, a qual tem sido favorecida em relação à RT adjuvante após estudos terem evidenciado sua não-inferioridade quando realizada precocemente. No SUS, a aplicabilidade da RT de resgate depende de fatores logísticos, como disponibilidade de RT em tempo hábil, não havendo dados na literatura evidenciando a factibilidade desta estratégia neste contexto.

Objetivo: Avaliar o perfil de pacientes submetidos à RT de resgate por RBQ após prostatectomia radical em um centro de referência em uro-oncologia, objetivando apontar os valores de PSA na indicação da RT, o tempo entre a indicação e a primeira sessão, e a resposta bioquímica ao tratamento de resgate.

Método: Coorte retrospectiva para identificar pacientes com perfil compatível com as populações avaliadas nos estudos RAVES, RADICALS, e GETUG-AFU, com análise anatomopatológica após prostatectomia radical, tempo entre cirurgia e diagnóstico de RBQ, PSA antes da RT, tempo para realização da RT, e cinética de PSA após RT.

Resultados: Foram identificados 57 pacientes com RBQ após prostatectomia radical, que foram encaminhados para RT de resgate do leito prostático. O PSA pré-operatório médio foi de 11.30 ng/dL. Em relação ao grau histológico, 5 (9%) eram ISUP 1, 22 (38%) eram ISUP 2, 21 (37%) eram ISUP 3, 4 (7%) eram ISUP 4, e 5 (9%) eram ISUP 5. As margens cirúrgicas se apresentavam positivas em 37 casos (65%). Quanto ao estadiamento patológico, 30 casos (53%) eram pT2, 16 casos (28%) eram pT3a, e 11 casos (19%) eram pT3b. Não houve caso de acometimento linfonodal. O tempo médio para RBQ foi de 33.7 meses, com PSA médio de 0.35 ng/dL. A média entre a indicação de RT e a primeira sessão foi de 94 dias. O PSA médio após RT foi de 0.09 ng/dL. Em um seguimento médio de 44 meses, a média de PSA ficou em 0.26 ng/dL.

Conclusão: Em um centro de referência no SUS, a RT de resgate por RBQ após cirurgia se mostrou factível, com tempo médio entre a indicação e a primeira sessão de RT de 94 dias, em valor médio de PSA consideravelmente menor que 0.5ng/dL. Houve manutenção de resposta em seguimento médio de 44 meses. Estes resultados reforçam que a realização de RT de resgate é factível no SUS, desde que os serviços tenham boa integração entre urologia e radioterapia.

Palavras Chave

Câncer de Próstata; recidiva bioquímica; radioterapia de resgate