Dados do Trabalho
Título
Impactos do tabagismo e alcoolismo na fertilidade masculina: Estudo de coorte retrospectivo
Resumo
Introdução
A taxa de infertilidade humana vem crescendo progressivamente. Cerca de 15% dos casais enfrentam esta condição. Sendo quase metade destes casos atribuídos a fatores relacionados ao homem, não há consenso na literatura em relação a vários interferentes na fertilidade masculina, incluindo-se o tabagismo e o alcoolismo.
Objetivos
Avaliar a interferência do consumo de álcool e tabaco na taxa de sucesso da inseminação artificial em casais com histórico de infertilidade em um hospital público de grande porte.
Métodos
Foram revistos retrospectivamente dados de prontuários de 494 pacientes que realizaram inseminação artificial no serviço de reprodução assistida em nosso hospital entre 2017 e 2024. Os pacientes foram divididos de acordo com a técnica utilizada (Swim-up ou Gradiente), faixas etárias, concentração de espermatozoides e consumo de álcool, tabaco ou ambos. Foram excluídos 2 pacientes por dados faltantes. Por fim, comparou-se a taxa de gravidez entre os casais com homens expostos em relação ao grupo controle.
Resultados
Nosso estudo não revelou diferenças estatisticamente significativas na taxa de sucesso da inseminação artificial entre os pacientes tabagistas e não tabagistas no método Swim-up (OR: 0.7398 [0.16 - 3.42 IC 95%], p=0.69) e no método Gradiente (OR: 4,91 [0.28 - 84.4 IC 95%], p=0.27), bem como comparando etilistas e não etilistas, utilizando-se swim-up (OR: 0.46 [0.18 - 1.11 IC 95%], p=0.08) e gradiente (OR: 3.4 [0.19 - 60.08 IC 95%], p=0.40). Os desfechos foram semelhantes entre pacientes que faziam uso de ambas as substâncias e aqueles que não usavam nenhuma, nas técnicas de swim-up (OR: 0.74 [0.09 - 6.28 IC 95%], p=0.78) e gradiente (OR: 3.4 [0.19 - 60.08 IC 95%], p=0.40). Também não foram encontradas diferenças entre grupos com a mesma faixa etária e concentração de espermatozoides de acordo com o mesmo critério.
Conclusão
Os dados recentes falham em demonstrar a relação entre os efeitos deletérios provocados pelo uso dessas substâncias e a fertilidade masculina. No estudo de Oostingh (2020), a interrupção do tabagismo e do alcoolismo em homens não demonstrou aumento das taxas de gravidez em programas de reprodução assistida (OR: 0.826 [0.416 - 1.284 IC 95%]; OR: -0.047 [-0.287 - 0.110]). Nosso estudo condiz com grande parte do material disponível atualmente, permanecendo esta uma questão carente de novas análises que relacionam os achados laboratoriais e clínicos.
Palavras Chave
Fertilidade masculina; tabagismo; Alcoolismo
Área
Geral
Categoria
Coortes retrospectivas ou prospectivas
Autores
Juan Carlos de Miranda Onofre, Pablo Vinícius Nicoletti Ramos , Augusto Barbosa Reis , Luiz Carlos Thimoteo Domingues do Carmo