Dados do Trabalho


Título

Síndrome Hipereosinofílica por Esquistossomose Intestinal: relato de caso.

Resumo

A Síndrome Hipereosinofílica (SHE) idiopática é um diagnóstico de exclusão, definido pela presença de eosinofilia periférica (>1500 células/mm3) por pelo menos seis meses, associada a disfunção de órgãos, na ausência de uma causa identificável. Caso: Homem, 40 anos, portador de síndrome nefrótica primária há quatro anos (biópsia renal compatível com glomeruloesclerose segmentar e focal), com disfunção renal progressiva e refratária ao tratamento imunossupressor (prednisona, ciclosporina, tacrolimus). Após uso prolongado de prednisona em dose imunossupressora e corticorresistência, foi optado por desmame da droga. Nesse cenário, foi evidenciado hipereosinofilia periférica (3702 cél/mm3). O paciente foi referenciado à Imunologia para investigação. Em revisão de prontuário, verificou-se que o paciente já apresentava hipereosinofilia ao diagnóstico de síndrome nefrótica (1986 eosinófilos/mm3), com redução na contagem após a introdução do corticoide. Foi realizado antiparasitário, sem normalização laboratorial. Desde modo, foi realizada pesquisa de transcritos BCR-ABL1 e da mutação JAK2, ambas negativas. Mielograma e biópsia de medula óssea, sem alterações. A dosagem de IgE total foi de 166 kU/L e a vitamina B12, 572 pg/ml. TC de abdome evidenciou linfonodomegalias retroperitoneais; ecocardiograma e tomografia de tórax sem alterações. Por diarreia sugestiva de colite, realizou-se colonoscopia com ausência de alterações macroscópicas, porém com achado de colite e retite crônicas e atividade eosinofílica associada a numerosos ovos de Schistosoma mansoni no histopatológico. O paciente fez tratamento com praziquantel, com melhora clínica e laboratorial (731 eosinófilos/mm3). Conclusão: o caso ilustra como as etapas da propedêutica diagnóstica devem ser respeitadas, devendo a história clínica ter papel preponderante para guiar a realização de exames complementares. A esquistossomose deve ser considerada no diagnóstico diferencial como agente etiológico em áreas endêmicas.

Área

Outros

Autores

Carolina Arruda Asfora, Natália Saraiva Carvalho Dias Bittencourt, Gabriela Maria Pimentel Chaves, Denise Maria do Nascimento Costa, Bruno Pereira Barros, Ana Carla Moura, Adriana Azoubel-Antunes, Alana Ferraz Diniz, Filipe Wanick Sarinho, Mateus da Costa Machado Rios