Dados do Trabalho

Título

Síndrome de Frey: relato de caso de um diagnóstico diferencial de Alergia Alimentar

Resumo

Introdução: A síndrome de Frey, descrita por Łucja Frey em 1923, é uma disfunção do nervo auriculotemporal, ramo do trigêmeo, bem documentada em adultos como complicação pós-parotidectomia. Em crianças, é rara e atribuída a traumas parassimpáticos do nervo auriculotemporal, geralmente perinatais pelo uso de fórceps, mas pode ser idiopática. Frequentemente, é confundida com alergias alimentares devido a sintomas de rubor, calor e/ou sudorese facial após estímulo salivatório.
Relato do caso: Lactente feminina de 9 meses, apresentou manchas eritematosas no terço superior da face, bilateralmente, logo após a ingestão de qualquer alimento, com duração de poucos minutos. Negava prurido, sintomas gastrointestinais, sonolência, irritabilidade, sudorese e outras lesões cutâneas. Não houve restrições alimentares e, em consultas subsequentes, manteve-se a manifestação clínica, levando ao diagnóstico de síndrome de Frey com base na história e exame físico.
Discussão: A alergia alimentar é o principal diagnóstico diferencial da síndrome de Frey, e, embora dispensável na maioria dos casos, sua investigação ocorre em 40 a 50% dos pacientes, sendo indicada restrição alimentar em 21% dos casos. Isso reforça a importância de pediatras e alergistas estarem cientes dessa condição como diagnóstico diferencial. A paciente apresentou quadro clínico típico da síndrome em crianças, que tendem a manifestar rubor facial isolado no início da introdução alimentar devido ao estímulo mastigatório. Sudorese facial ocorre em apenas 10% dos casos pediátricos. A remissão espontânea pode ocorrer em 20 a 58% dos casos, com redução dos sintomas em 67% após os dois primeiros anos de vida, especialmente nas formas unilaterais. O uso de toxina botulínica pode ser benéfico, mas é mais estabelecido para adultos, assim como o uso de anticolinérgicos e outras medicações.