Dados do Trabalho

Título

TESTE DE PROVOCAÇÃO ORAL DIRETO COM BETA-LACTÂMICOS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES BRASILEIROS

Resumo

Introdução
Estudos recentes sugerem a realização do Teste de Provocação Oral (TPO) direto, sem testes cutâneos prévios, para investigar reações de hipersensibilidade aos beta-lactâmicos (BL). Não há dados consistentes sobre TPO direto para BL em crianças e adolescentes brasileiros. O objetivo deste estudo é descrever o perfil de segurança do TPO direto e aspectos relacionados à sua utilização estendida nesta população.
Método
Estudo transversal com pacientes de 1 a 17 anos com história de reação leve imediata ou tardia à penicilina. Utilizou-se o questionário European Network of Drug Allergy (ENDA). Variáveis contínuas foram descritas por médias e desvio-padrões. Análise bivariada foi feita com teste Qui-quadrado, odds ratio e IC95%. Valor de p < 0,05 foi considerado significativo.
Resultados
Foram realizados 54 TPOs estendidos com amoxicilina (AMX) por cinco dias, 31 eram meninos. A maioria não tinha histórico de atopia (55,6%) ou história familiar de reações de hipersensibilidade medicamentosa (RHM) (63%). AMX foi o antibiótico mais envolvido (59,2%) e a média de idade foi de 5,8 anos. Houve quatro TPOs positivos (7,5%), todos em meninos com reações tardias e três apresentaram sintomas no primeiro dia. Dentre os reatores, um apresentou urticária durante o TPO e os demais apresentaram exantema maculo-papular, todos apresentaram rápida resposta ao anti-histamínico de segunda geração, não havendo reações graves
Conclusão
Mais de 90% da amostra foi desrotulada como alérgica aos BL. Não ocorreram reações graves, confirmando a segurança do TPO direto nesta faixa etária. Entre os reatores, 75% apresentaram sintomas no primeiro dia, entretanto, se o teste tivesse curta duração se perderiam 25% dos diagnósticos, indicando a necessidade de mais estudos sobre a duração ideal do TPO.