Dados do Trabalho


Título

Indução de tolerância oral (ITO) em pacientes com APLV: avaliação da tolerância sustentada após longo período de imunoterapia em serviço de alergia pediátrica

Resumo

INTRODUÇÃO: A ITO é uma terapia com potencial de modificar o curso da alergia alimentar, podendo ter diferentes desfechos, sendo um deles a sustained unresponsiveness (SU). Objetivamos descrever a frequência de SU em pacientes submetidos à ITO, buscando atestar a hipótese que com a ITO pode-se atingir SU, o que permite a não ingestão diária do alimento.
MÉTODOS: Estudo prospectivo com análise de prontuários de pacientes que passaram por ITO para leite de vaca (LV) entre 2015-2024 e que tenham atingido a dessensibilização (ingesta de 120-180mL/dia sem reações). Avaliados desfechos dos pacientes que tiveram ingestão de LV suspensa por 4 semanas e com teste de provocação oral (TPO) na sequência, atingindo a SU se ausência de reação.
RESULTADOS: No período, 42 crianças (6 e 12 anos) passaram por ITO para LV. 5 que já estavam em fase de manutenção há mais de 3 anos realizaram TPO com 200mL de LV após 4 semanas de exclusão. 4 tiveram TPO negativo (2M: 2F; mediana 11,5 anos), já em fase de manutenção por um período de 43-51 meses. 1 (M; 14 anos) teve TPO positivo, apresentando apenas prurido de orofaringe e urticárias a distância após ingestão de 60mL de LV, com melhora após anti histamínico. Quando testado estava em fase de manutenção há 66 meses e após TPO positivo foi reiniciada a ITO, sem reações em fases de indução e manutenção. Todos os indivíduos tinham no início da ITO teste de puntura positivo para todas as proteínas do LV analisadas, não se observando um padrão entre os grupos com diferentes desfechos. 2 pacientes apresentavam no momento do TPO esofagite eosinofílica e ambos evoluíram com SU.
CONCLUSÕES: A avaliação da SU é uma estratégia que amplia a qualidade de vida dos pacientes com APLV, porém com risco de falha. Não foram observados fatores preditores de sucesso ou falha, assim como indicativos de momento ideal para investigação da SU. O risco de nova reação e necessidade de reinício da dessensibilização devem ser considerados para realização desta estratégia.

Área

Alergia Alimentar

Autores

Leila Batista Pena, Isabele Santos Piuzana Barbosa, Maura Helena Braun Dalla Zen, Rafael Vaz de Sales Bicalho, Nayara Maria Furquim Nasser, Glauce Hiromi Yonamine, Beni Morgenstern, Mayra de Barros Dorna, Antônio Carlos Pastorino, Ana Paula Beltran Moschione Castro