Dados do Trabalho
Título
Assinatura de interferon em pacientes brasileiros com suspeita de interferonopatias: um estudo multicêntrico da Rede Brasileira para Doenças Auto-inflamatórias e Imunodisrregulatórias (Re.Br.A.ID)
Resumo
Introdução: Em 2011, Yanick Crow introduziu o conceito de "interferonopatia", um grupo distinto de erros inatos de imunidade com ativação crônica da sinalização do IFN-1. O diagnóstico depende da suspeita clínica, níveis elevados de IFN-1 no sangue periférico e confirmação genética. Métodos: Realizamos um estudo multicêntrico no Brasil de 2018 a 2024 com pacientes de qualquer idade e gênero com suspeita de doença mediada por interferon tipo I. Os pacientes foram sequenciados pelo ‘Genomas Raros - SUS’. Avaliamos a assinatura de IFN dos seis genes mais comuns estimulados por IFN (IFI27, IFI44L, IFIT1, ISG15, RSAD2 e SIGLEC), considerando positivo um escore de IFN superior a +2DP em relação à média dos controles saudáveis.Resultados: Incluímos 40 pacientes de janeiro de 2018 a julho de 2024, com 62,5% (n=25) do sexo feminino. A idade média de início da doença foi 4 anos (mínimo 0; máximo 30) e a idade média ao diagnóstico foi 11 anos (mínimo 0; máximo 47). A maioria dos pacientes era da região sudeste do Brasil, especialmente São Paulo, mas pacientes das cinco macrorregiões foram incluídos. Os fenótipos encontrados foram: Síndrome de Aicardi-Goutières (n=7), Dermatoses Neutrofílicas Crônicas Atypicas com Lipodistrofia e Temperatura Elevada (n=3), Síndrome Linfo-proliferativa Autoimune (n=5), Candidíase Mucocutânea Crônica (n=4), Lupus Eritematoso Sistêmico (n=2), Vasculopatia associada ao STING (n=2) e Síndrome da Subunidade Alfa do Coatômero (n=3). Doenças não reconhecíveis incluíram Febre Recorrente com hipogamaglobulinemia (n=3), paniculite (n=4), síndrome de ativação de macrófagos (n=3) e transaminitis (n=4). A mortalidade foi de 7,5% (n=3). Metade dos pacientes teve assinatura de IFN positiva, com 50% desses com confirmação genética.Conclusão: Este é o primeiro estudo multicêntrico sobre interferonopatias no Brasil. Discutimos as forças e fraquezas da assinatura de IFN-I na prática clínica e propomos a categorização de u-IFNI (interferonopatia não específica).
Área
Imunodeficiências
Autores
Erika Leide da Silva, Leonardo Oliveira Mendonça, Samar Freschi Barros, Amanda Melato, Wendell Duarte Xavier, Nadyessa Diehl Brandão, Nilton Salles, Regina Sumiko Watanabe di Gesu, Carmen Silvia Valente Barbas, André Cavalcanti, Luana Ribeiro Carlos, Helena Velasco, Janaira Fernandes, Anne Rose Leopoldina Wiederkehr, Vera Dantas, Luciana Araujo, Fernanda Minafra, Tania Sih, Marie-Louise Frémond, Jorge Kalil