Dados do Trabalho

Título

O impacto da pandemia da COVID-19 na produção científica em alergia e imunologia no Brasil: uma visão metacientífica

Resumo

Introdução: A COVID-19 impôs desafios à produção científica mundialmente. Menor tempo dedicado a pesquisas e restrições no financiamento de novos projetos parecem ter exercido importante papel na estruturação dos novos moldes científicos. Objetivou-se descrever o perfil da produção científica brasileira em alergia e imunologia durante a pandemia da COVID-19.
Métodos: Estudo transversal, descritivo e metacientífico. Nosso protocolo foi publicado em https://osf.io/bgtwv. Foram analisados todos os artigos publicados na principal revista brasileira de alergia e imunologia de janeiro de 2020 a dezembro de 2023. Mediante leitura do título e resumo, os artigos foram classificados por 02 avaliadores independentes quanto aos temas abordados, e se exploravam ou não a temática da pandemia.
Resultados: Dos 272 artigos publicados, 56 (21%) se relacionaram com a pandemia. A incidência do tema COVID-19 na literatura foi crescente ao longo de 2020 (25%) e de 2021 (46%), sendo esses anos responsáveis por 71% dos artigos sobre o tema, com posterior diminuição gradual na incidência. Os tópicos mais associados à COVID-19 foram: vacinação (25%), impacto na urticária crônica (11%), em erros inatos da imunidade (7%), síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (7%), alergias respiratórias (5%), angioedema hereditário (5%), imunoterapia (4%), mastocitose (4%), uso de imunobiológicos (4%), além de outros tópicos em imunologia (9%). Na amostra, 16% dos artigos tinham como enfoque exclusivamente a COVID-19. A região sudeste foi responsável pela maior produção científica em tempos de pandemia (68%), seguida do sul (13%) e do nordeste (5.4%).
Conclusão: O impacto da pandemia na atividade científica é evidente. Os esforços empenhados, ao passo que contribuíram para um maior entendimento da COVID-19, podem ter repercutido negativamente em pesquisas não relacionadas ao tema. Ademais, a pandemia parece ter acentuado a desigualdade no acesso e na produção de ciência interregional.