Dados do Trabalho

Título

Avaliação pôndero-estatural de pacientes com Síndrome de DiGeorge em hospital terciário de referência: um estudo longitudinal de 2009 a 2024

Resumo

Introdução: A Síndrome de DiGeorge (SDG) caracteriza-se por anomalias cardíacas, hipoplasia do timo e hipocalcemia, além de dismorfias, infecções de repetição, alergias e doenças autoimunes, que podem ter implicações no ganho pôndero-estatural, agravando o quadro de base. O objetivo deste estudo foi descrever a evolução antropométrica de pacientes com SDG de um hospital terciário de referência. Métodos: Estudo observacional longitudinal com dados de prontuário (peso e altura) de 29 pacientes (0 a 19 anos) de 2009 a 2024. Resultados: Foram obtidas 963 aferições. Realizou-se estratificação por faixas etárias (0-2; 2-6; 7-10; 11-19 anos) para análise (ANOVA). Para pacientes com mais de uma aferição na mesma faixa, foi calculada a média entre elas. O tempo médio de seguimento foi 9 anos. Nos primeiros 2 anos, 75% das aferições de peso foram inferiores ao escore z-2 (baixo peso e muito baixo peso para idade) e entre 2 e 10 anos, a mediana ficou entre escore z-2 e zero (peso adequado para idade), mostrando ganho ponderal (p=0,01). Em relação ao comprimento, nos 2 primeiros anos 75% foram inferiores ao escore z-2 (baixa estatura e muito baixa estatura para idade). De 2 a 19 anos, a mediana ficou entre escore z-2 e zero, com recuperação ao longo dos anos (p=0,004). O índice de massa corpórea (IMC) apresentou mediana entre escore z-2 e zero (eutrofia) até os dez anos. A partir de 11 anos, a mediana ficou entre escore z zero e 2 (sobrepeso). Ao longo do tempo, houve aumento significativo do IMC para idade (p=0,01). Conclusões: O déficit pôndero-estatural foi predominante nos primeiros anos, podendo ter relação com dificuldades nutricionais, infecções e defeitos congênitos, porém houve recuperação ao longo do tempo. Reconhecer a variação pôndero-estatural nos pacientes com SDG é fundamental para que medidas sejam adotadas para recuperação nutricional nos primeiros anos, melhorando o aspecto global dos pacientes, mas também para que haja atenção ao sobrepeso na adolescência.