Dados do Trabalho

Título

Inversão de relação CD4/CD8 em pacientes com HIV de longa data e o aumento de VHS como indicativo de inflamação crônica.

Resumo

Justificativa: A terapia antirretroviral diminuiu a incidência das doenças oportunistas no HIV/Aids, aumentando a sobrevida dos pacientes e abrindo espaço para a ocorrência das doenças crônico-degenerativas. O papel dos linfócitos TCD8+ tem sido bastante discutido, com ênfase principalmente na inversão da relação TCD4+/TCD8+ a qual não é restaurada em boa parte dos pacientes sob tratamento, mesmo naqueles que logram controle da viremia. Supõem-se que a maior quantidade de células CD8 indicaria a existência de um processo de inflamação crônico subjacente. O objetivo desse trabalho foi avaliar os parâmetros inflamatórios nos pacientes com HIV de longa data em uso de terapia antiretroviral (TARV) com e sem apresentar inversão da relação TCD4+/TCD8+, comparando os dois grupos. Métodos: Estudo retrospectivo de prontuário eletrônico de pacientes portadores do vírus HIV, em uso de TARV e com carga viral baixa/indetectável em acompanhamento ambulatorial em centro terciário. Avaliamos dados demográficos, tempo de doença, carga viral do HIV, contagem de linfócitos CD4 e CD8 e respectiva razão, velocidade de hemossedimentação (VHS), proteína C reativa (PCR), dímero-D, triglicerídeos e ferritina. Foram excluídos pacientes com doenças agudas, doenças reumatológica e carga viral > 70. Resultados: Incluídos 54 pacientes no total, sendo 31 (57%) do sexo masculino. A média de idade foi de 58,4 anos com o tempo médio de diagnóstico da doença de 22,8 anos. O grupo com relação invertida apresentou um maior VHS em relação ao grupo sem inversão da relação (16,32 x 8,25; p=0,044). Não houve diferença estatística entre os grupos em relação ao PCR (5,18 x 3,05), dímero-D (442,2 x 504,4) triglicerídeos (153,4 x 136,5) e ferritina (148,5 x 211,4). Conclusão: A inversão dos parâmetros da relação TDC4+/TCD8+ se mostra compatível com um aumento de VHS em pacientes de longa data com HIV em uso de TARV, o que permite inferir a existência de um processo inflamatório crônico subjacente aos mesmos.