Dados do Trabalho

Título

Síndrome de Down deve ser encarada como uma imunodeficiência primária?

Resumo

Justificativa:
A síndrome de Down (SD) é a doença cromossômica mais frequente em humanos, ocorrendo em aproximadamente 1/800 nascidos vivos. Indivíduos com tal condição estão mais predispostos a diversas comorbidades, entre elas infecções de repetições e necessitam de cuidados especiais para garantir sua saúde. Nosso objetivo é avaliar as características clínicas e laboratoriais dos pacientes que foram avaliados pelo Serviço de Imunologia.

Métodos:
Estudo transversal, retrospectivo com análise de prontuários eletrônicos de 12 pacientes com SD em acompanhamento em um centro de imunologia no último ano. Foram analisados os seguintes aspectos: padrão de infecção mais prevalente, necessidade de reposição de imunoglobulinas, presença de linfopenia, resposta vacinal e comorbidades associadas.

Resultados:
Dos pacientes analisados (seis meninas), com idades entre 1 e 29 anos, 10 foram encaminhados por apresentarem infecções sinopulmonares recorrentes e dois, por alteração em teste de triagem neonatal. Nove necessitaram de reposição de imunoglobulina em algum período da vida. Em relação a linfócitos, todos apresentavam linfopenia absoluta. Dois pacientes tiveram baixo KREC (10 e 18, VR<20) . Cinco pacientes tiveram uma resposta prejudicada ao pneumococo. Sobre o padrão de infecção, as infecções sinopulmonares foram as mais prevalentes, manifestando-se com pneumonia grave e recorrente em seis pacientes. Hipotireoidismo foi encontrado em cinco dos pacientes. Apenas dois não tinham doença cardiológica. Forame oval patente, comunicação interventricular, comunicação interatrial, cardiopatia complexa, canal arterial e comunicação interventricular foram as manifestações cardíacas mais comuns nesta amostra.

Conclusões:
Dada a incidência de síndrome de Down e sua frequente associação com infecções, doenças cardíacas e hipotireoidismo, a avaliação imunológica deve se tornar rotina nos centros de atendimento pediátrico, para minimizar a morbidade e mortalidade desses pacientes.