Dados do Trabalho

Título

Preditores de mortalidade em crianças e adolescentes asmáticos internados por COVID-19 no Brasil: uma análise de 1.115 internações.

Resumo

JUSTIFICATIVA: Na faixa etária pediátrica, a asma não é um fator associado a piores desfechos na COVID-19. No entanto, crianças e adolescentes asmáticos internam e morrem pela doença. Não há trabalhos nacionais analisando preditores de mortalidade nessa população. MÉTODOS: A partir do banco de dados SIVEP-Gripe, incluímos todos os pacientes entre 5 e 20 anos de idade, hospitalizados por síndrome respiratória aguda grave, com PCR ou teste de antígeno positivos para COVID-19, com desfechos conhecidos até 31/05/2022 e com o antecedente de asma. Como preditores, estudamos a idade (5-10 vs 10-20 anos), sexo, região do país, etnia, presença de outras comorbidades além da asma (cardiovasculares, renais, hepáticas, entre outras) e sintomas na apresentação. O desfecho estudado foi a mortalidade intra-hospitalar. Para calcular a razão de chances entre exposição e desfechos, utilizamos modelos lineares generalizados mistos multinível. RESULTADOS: Incluímos 1.115 pacientes na análise, com maior proporção do sexo masculino (51,3%). Dos pacientes incluídos, 30,5% foram internados em UTI, 10,4% intubados e 5% foram a óbito. Idade entre 10-20 anos foi fator de risco para mortalidade, quando comparado com 5-10 anos (OR 2,9 IC95%1,5-5,7), assim como a presença de outras comorbidades prévias, quando comparada com a ausência destas comorbidades (OR 8,0 IC95%2,9-22). Ter mais de uma comorbidade aumentou a chance de morte em 13 vezes. Presença de dispneia ou dessaturação na entrada também se relacionaram com maior mortalidade (OR 3,2 e 2,5 respectivamente, com ajuste por comorbidades). Regiões do país e etnias não se relacionaram com o desfecho. CONCLUSÃO: Idade entre 10-20 anos, maior gravidade na apresentação e presença de outras comorbidades estão diretamente relacionadas a maior mortalidade entre crianças e adolescentes asmáticos internados por COVID-19 no Brasil. Nossos dados são pioneiros e contribuem para melhor compreender o comportamento da COVID-19 nesse grupo de pacientes.