Dados do Trabalho

Título

Reação IgE mediada a ovo após TPO negativo. Papel dos cofatores na alergia alimentar ou perda de tolerância oral?

Resumos

Justificativa: A história natural das alergias vem mudando nos últimos anos. Alergia a ovo afeta de 0,5% a 2,5% das crianças pequenas. Relatamos o caso de paciente com alergia a ovo submetido a TPO negativo que voltou a apresentar sintomas, após breve período de tolerância.
Relato do caso: L.R.M, masculino, 4 anos, ingeriu ovo pela primeira vez aos 8 meses com vômitos imediatos. À época: IgE gema 1,2 e clara 9,15. Fez dieta de exclusão até 3 anos e 8 meses, sendo submetido a prick to prick: Bolo 0mm / Panqueca 0mm / Clara cozida 0mm / Gema cozida 0mm / Clara crua 9x5mm / Gema crua 0mm / Controle negativo 0mm / Controle positivo 6x5mm. TPO com ovo mexido foi negativo. Após 8 dias de ingesta regular apresentou vômitos, cólicas e pápulas em face imediatamente após ingesta de ovo. Após 3 dias, novo contato com vômitos imediatos. Excluído ovo da dieta. Passados 3 meses, novo TPO resultou em anafilaxia (vômitos e tosse) após 1h.
Discussão: Alergia alimentar parece resultar de quebra no processo natural de tolerância oral. Induzir tolerância oral específica parece promissor mas não está claro se a tolerância alcançada é transitória ou persistente. Trabalhos mostram perda secundária de tolerância após período de exclusão. É necessário considerar o papel dos cofatores nas alergias alimentares. Infecções, exercício físico, álcool e certos medicamentos podem potencializar as reações alérgicas. No entanto, há evidências limitadas sobre a frequência de sua implicação nas alergias alimentares. No caso em questão, mãe negou questionamentos sobre possíveis cofatores. Anamnese e exames complementares fornecem informações prognósticas sobre probabilidade e momento do desenvolvimento de tolerância mas comorbidades e preferências do paciente devem ser considerados.