Título
GENÓTIPOS DE RISCO PARA APOL1 SÃO ALTAMENTE PREVALENTES ENTRE PACIENTES COM GLOMERULOPATIA COLAPSANTE IDIOPÁTICA, UMA ASSOCIAÇÃO QUE SE MANIFESTA DA SEGUNDA À METADE DA QUINTA DÉCADA
Resumo
Introdução: A glomerulopatia colapsante (GC) associa-se a rápida progressão para doença renal terminal. GC tem sido relacionada a infecções específicas, drogas e doenças autoimunes, assim como a genótipos de alto risco para APOL1 (GAR) e variantes monogênicas patogênicas em diferentes loci. A contribuição quantitativa do GAR, contudo, ainda não é conhecida. Objetivo: Análise genética molecular e correlação genótipo-fenótipo em pacientes com GC idiopática, dirigida à prevalência e efeitos de GAR. Métodos: 70 pacientes de todas as idades com GC idiopática foram genotipados para APOL1. Em 51 deles realizamos avaliação genética ampla por sequenciamento de exoma completo ou painel com 62 genes relacionados a glomerulopatias, enquanto 19 foram genotipados por sequenciamento de Sanger. O impacto clínico do GAR foi avaliado a partir da análise de dados dos prontuários. Resultados: 33 (47,1%) pacientes apresentavam GAR. Variantes monogênicas patogênicas ou provavelmente patogênicas foram identificadas em 5 indivíduos (7,1%), todos com genótipo de baixo risco para APOL1 (GBR), nos genes COL4A5 (2 casos), COQ2, MYH9 e PLCE1. A distribuição de gênero não diferiu entre os grupos GAR e GBR. Pacientes com GAR se declararam caucasianos menos frequentemente que os com GBR (36,4% vs 89,2%, p<0,001). A idade de apresentação da doença não variou entre os grupos GAR e GBR [21 (17-33) vs 25 (18-31) anos, p=0,755], enquanto pacientes com GAR manifestaram a doença mais frequentemente entre a segunda e a metade da quinta década de vida (10-44 anos) que aqueles com GBR (97% vs 70,3%; OR=13.54, CI 2.01-150.00; p=0,004). Pacientes com GAR relataram história familiar de doença renal mais frequentemente que os com GBR (36,4% vs 10,8%, p=0,01), porém tais grupos não diferiram quanto a hematúria, hipertensão e velocidade de declínio da função renal. A frequência de transplantes não diferiu entre os grupos, entretanto a taxa de recidiva da doença no enxerto foi menor em pacientes com GAR (0% vs 33,3%, p=0,02). Conclusão: Este é o primeiro estudo que avalia o impacto de GAR sobre a manifestação e a progressão da GC idiopática em pacientes adultos e pediátricos. GAR mostrou-se altamente prevalente nesses pacientes, sugerindo um papel bastante frequente de segundos eventos na interação genética-meio ambiente nessa glomerulopatia. Nossos achados sugerem fortemente que a GC associada a GAR se constitua em uma doença de manifestação primária entre a segunda e a metade da quinta década de vida.
Área
Doenças Glomerulares
Autores
PRECIL DIEGO MIRANDA DE MENEZES NEVES, Precil Diego Miranda de Menezes Neves, Andréia Watanabe, Elieser Hitoshi Watanabe, Fernanda Maria Franzin, Lívia Barreira Cavalcante, Denise Maria Avancini Costa Malheiros, Lectícia Barbosa Jorge, Matthew Sampson, Luiz Fernando Onuchic